Quem cultiva plantas com dedicação verifica as folhas diariamente, prepara o solo e regula a rega, até que, de repente, percebe que suas folhagens preferidas amanheceram perfuradas. Esse tipo de dano, comum e irritante, costuma ter um responsável discreto: o conjunto formado por lesmas, caracóis e caramujos.
Ainda que se desloquem devagar, esses moluscos provocam estragos rapidamente, sobretudo durante a noite ou em dias encobertos, quando sua atividade aumenta. Segundo a engenheira agrônoma Mariana Pinheiro, especializada em hortas urbanas e manejo agroecológico, o sinal mais característico é a chamada folha esqueletizada, quando sobram apenas as nervuras, como se a superfície tivesse sido raspada.
Além das marcas na folhagem, outro indício claro da presença desses animais é o brilho do rastro de muco sobre o solo ou nas folhas. O caramujo-africano, praga urbana de maior porte, tende a esconder-se em locais úmidos e protegidos, como atrás de vasos, sob pedras ou dentro de folhagens mais espessas.
Por que eles aparecem? Entenda o desequilíbrio que atrai lesmas
Além de fatores ambientais favoráveis, como sombras e excesso de umidade, há outro elemento que favorece a infestação: a carência de cobre no substrato. Conforme o paisagista Leandro Bastos, muitos ataques ocorrem em jardins e hortas cujo solo é deficiente nesse micronutriente importante para a estrutura vegetal.
“O cobre reforça os tecidos e auxilia na defesa contra fungos e moluscos. Na falta dele, as plantas ficam mais suscetíveis aos ataques de caracóis e lesmas, que exploram essa fragilidade”, esclarece o especialista. Por isso, além das ações diretas contra as pragas, é essencial manter uma adubação equilibrada, incluindo produtos com cobre líquido ou quelatado, facilmente adquiridos em lojas de jardinagem.
Receita caseira para eliminar lesmas e caramujos sem agredir o meio ambiente
Para quem opta por alternativas naturais, existe uma solução caseira que funciona como isca atraente e letal, sem contaminar o solo nem prejudicar outras espécies. Entre as técnicas mais eficazes está a armadilha à base de cerveja.
O procedimento é simples: enterrar um pequeno recipiente até a borda, nivelada com o solo, e preenchê-lo com cerveja. O odor atrai os moluscos, que acabam caindo no líquido e não conseguem escapar. Mariana ressalta que a armadilha deve ser colocada ao anoitecer e retirada pela manhã, com o conteúdo descartado de forma adequada.
A agrônoma acrescenta que, embora seja um método antigo e eficaz em hortas, o controle precisa ser regular e combinado com práticas preventivas para garantir resultados duradouros.
Ambiente limpo e substrato bem preparado são barreiras naturais
Além da isca, manter o espaço organizado é um dos caminhos para evitar que lesmas e caramujos se instalem permanentemente. Vasos vazios, acúmulo de folhas secas, pedaços de madeira e bandejas sob vasos transformam-se em esconderijos ideais.
Uma medida para dificultar a circulação desses invasores é espalhar cascas de ovos trituradas sobre o substrato. A textura afiada é desconfortável para os corpos moles e funciona como barreira física; ao mesmo tempo, a casca aporta cálcio ao solo, contribuindo para folhas mais fortes e caules mais firmes.
Serragem ou areia grossa ao redor da base das plantas também formam um anel de proteção que desencoraja a aproximação. O recomendado é manter a área bem aerada, iluminada e limpa, evitando o excesso de umidade nas camadas inferiores de canteiros e vasos.








