O Sistema Único de Saúde começará a oferecer em novembro a imunização contra o vírus sincicial respiratório, principal causador de bronquiolite e pneumonia em crianças. A vacina será aplicada em gestantes para proteger os recém-nascidos nos primeiros meses de vida, período de maior vulnerabilidade. A medida chega em momento oportuno, diante do aumento de casos em Santa Catarina, onde o vírus já provocou 18 óbitos na faixa etária até 10 anos somente em 2025.
Casos em ascensão no estado
Segundo a Secretaria de Saúde estadual, os registros de Síndrome Respiratória Aguda Grave causados pelo VSR em crianças passaram de 2.108 para 2.644 ao comparar os primeiros nove meses de 2024 e 2025. O número de mortes também subiu, de 17 para 18, no mesmo período.
Depoimento materno
Naieli dos Santos, mãe de Ryan, que enfrenta complicações respiratórias em uma UTI de Blumenau, relata não ter tido acesso à vacina, disponível hoje apenas na rede particular por cerca de R$ 1.000. Ela ressalta a importância da futura oferta pelo SUS para proteger outros bebês das graves consequências da bronquiolite.
O menino, de oito meses, luta contra pneumonia e bronquiolite — condições que poderiam ter sido evitadas com a imunização materna durante a gestação, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde a partir da 28ª semana de gravidez.
Implementação e recomendações
A pediatra Carolina Dociatti explica que a vacinação no terceiro trimestre da gestação permite a transferência de anticorpos para o feto, o que oferece proteção nos seis primeiros meses de vida. Além da imunização, ela reforça medidas básicas, como higiene adequada, evitar contato com pessoas doentes e observar sinais precoces.
A especialista orienta outras precauções: evitar visitas de pessoas doentes a residências com bebês e não beijar as crianças no rosto ou nas mãos, entre cuidados simples que podem fazer diferença na saúde infantil.
Impacto na saúde pública
Estimativas indicam que a nova vacina poderá evitar, a cada ano, cerca de 28 mil hospitalizações, beneficiando aproximadamente 2 milhões de recém-nascidos. Dados apontam que uma em cada cinco crianças infectadas procura atendimento médico, enquanto uma em cada cinquenta precisa de internação no primeiro ano de vida.
Prematuros estão em risco especialmente elevado, com mortalidade sete vezes maior que a de bebês nascidos a termo. Entre 2018 e 2024 foram registradas 83 mil internações de prematuros por complicações relacionadas ao VSR, incluindo bronquite e pneumonia.








