Os protestos que se espalharam por todo o Brasil no último domingo (21), motivados pela PEC da Blindagem e pelo projeto de anistia, chamaram a atenção de jornais internacionais.
Veículos estrangeiros destacaram o grande número de participantes, a rejeição a medidas de impunidade e a pressão sobre um Parlamento de viés conservador, que busca garantir imunidade e favorecer Jair Bolsonaro, sentenciado a 27 anos de prisão por promover um golpe.
O britânico Guardian relatou que “Multidões de brasileiros exigiram nas ruas que não houvesse perdão para o ex‑presidente Jair Bolsonaro, punido por tentativa de golpe após sua derrota eleitoral”.
A publicação descreveu manifestações em espaços públicos das principais metrópoles e mencionou que, na capital federal, “Uma grande concentração ocorreu próxima aos edifícios do Congresso Nacional e do STF, alvos de vandalismo por extremistas em janeiro de 2023”.
A agência Reuters classificou os protestos como “O maior movimento de esquerda visto no Brasil em muito tempo”, destacando que “Esta foi a primeira vez que o país penalizou membros das Forças Armadas por atentar contra a democracia, em uma trajetória marcada por rupturas violentas”.
O órgão noticiou cerca de 40 mil pessoas na principal avenida de São Paulo e comparou o evento com os recentes protestos da direita contra a condenação, evidenciando a polarização nacional.
Em sua cobertura, a Al Jazeera apontou que os atos ocorreram em todas as unidades federativas, impulsionados pela aprovação na Câmara de uma emenda que protege congressistas e pela tramitação acelerada da proposta de anistia aos envolvidos no golpe.
A emissora catarense lembrou que “Bolsonaro recebeu em 11 de setembro uma pena de 27 anos e três meses por buscar se manter no cargo após a derrota eleitoral”, tornando‑se assim o primeiro ex‑mandatário da América Latina condenado por tentar anular votação popular.
O argentino Página 12 ressaltou que o cerne das manifestações estava no grito de “Sem anistia”, reflexo direto da “Decisão judicial sem precedentes contra Bolsonaro”.
O periódico também abordou a chamada “lei da blindagem” e as declarações do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que alertou sobre o risco de a medida “facilitar a ação de criminosos dentro do Legislativo”.
Ainda segundo o jornal, Flávio Bolsonaro emergiu como um dos principais defensores da proposta de anistia, apresentando‑a como oportunidade para “Superar o passado”.
A France 24 destacou a revolta popular contra os parlamentares, acusados de “Priorizar agendas pessoais em detrimento das demandas sociais e econômicas”.
Repórteres registraram o coro de “Sem anistia!” em diversas localidades e ouviram uma participante em Brasília: “Nossa presença aqui é contra esses criminosos disfarçados de políticos, que estão tentando aprovar leis para se beneficiar”.
A rede francesa mencionou ainda a garantia do presidente Lula de barrar qualquer medida de perdão e sua avaliação de que o “Projeto de Blindagem” não representava pauta relevante para o Congresso.
