Ao caminhar pela Grande Vitória, a cidade se revela em contrastes. Em alguns lugares, somos convidados a permanecer; em outros, sentimos vontade de ir embora rapidamente. Essa sensação não é por acaso: a forma como os espaços são planejados define se eles acolhem ou afastam.

A orla de Camburi é um exemplo de acolhimento. Ciclovia, calçadão, áreas de lazer e espaços para diferentes usos fazem dela um ponto de encontro democrático. Pessoas de todas as idades compartilham o mesmo espaço, e ali a cidade se mostra generosa. Mas basta atravessar bairros mais antigos, como trechos de Cariacica e Serra, para perceber o oposto: calçadas estreitas, desniveladas e mal iluminadas afastam o pedestre. Na Praça do Papa, em Vitória, temos um espaço amplo e simbólico, mas que ainda carece de sombreamento e mobiliário para ser realmente convidativo no dia a dia. Pequenos detalhes, como a ausência de rampas bem executadas ou bancos bem posicionados, definem quem pode usufruir de fato da cidade.
A arquitetura e o urbanismo não são neutros: cada escolha aproxima ou afasta pessoas. Se quisermos uma Grande Vitória mais inclusiva, precisamos pensar nos espaços como convites à convivência, não como barreiras. A cidade que acolhe é aquela que se abre para todos, independentemente de idade, condição física ou social.









