Nesta quinta-feira (18), a França enfrenta uma das maiores greves gerais dos últimos anos, com sindicatos se mobilizando contra medidas de austeridade. Os manifestantes reivindicam maior financiamento para serviços públicos, taxação de grandes fortunas e a revogação da reforma da previdência.
O movimento coloca o presidente Emmanuel Macron em xeque e representa o primeiro desafio significativo para o recém-empossado primeiro-ministro Sébastien Lecornu, que assumiu há apenas sete dias.
União Sindical
Oito entidades lideram os protestos: CFDT, CGT, FO, CFE-CGC, CFTC, Unsa, FSU e Solidaires. Essa é a primeira vez desde junho de 2023 que essas organizações atuam conjuntamente, quando se uniram contra a alteração previdenciária que aumentou a idade mínima para aposentadoria de 62 para 64 anos.
Adesão Massiva
O Ministério do Interior calcula a presença de 200 mil manifestantes no período da manhã, enquanto a CGT afirma que 400 mil pessoas tomaram as ruas. A expectativa é de que até 800 mil cidadãos participem das 250 manifestações programadas em todo o território francês.
Principais Reivindicações
Os protestos evidenciam o descontentamento popular com a reforma previdenciária implementada por decreto em 2023. Representantes sindicais denunciam uma série de medidas prejudiciais aos trabalhadores.
“Chega de sacrifícios para a classe trabalhadora”, declarou Sophie Binet, dirigente da CGT, destacando que as reformas anteriores não reduziram o endividamento público. “A população define o orçamento. Se Lecornu não compreender isso, será ele quem acabará nas ruas”, acrescentou.
Marylise Léon, da CFDT, defendeu um “orçamento justo”, com redistribuição equilibrada de responsabilidades. “Os trabalhadores não podem arcar sozinhos com os custos. Não é aceitável que grandes corporações, beneficiárias de mais de €200 bilhões em subsídios, sejam isentas de contribuições”, afirmou.
Impactos Operacionais
Em Paris, o sistema metroviário opera com apenas 3 das 16 linhas funcionando normalmente. No setor de saúde, 18 mil farmácias permanecem fechadas, e hospitais mantêm apenas equipes essenciais. No setor educacional, 45% dos professores aderiram à paralisação.
Segurança Pública
O governo mobilizou 80 mil policiais, 24 veículos blindados e drones para monitorar os protestos. Até as 14h (horário local), foram registradas 99 detenções em território nacional.
Cenário Político
A crise política se intensificou com a nomeação de Lecornu como terceiro primeiro-ministro em um ano, após a queda de François Bayrou e Michel Barnier. A instabilidade levou a Fitch a rebaixar a classificação de crédito francesa, com dívida pública em 114% do PIB.








