“Nossa vida, nossa morte.” Esse é o slogan da organização fictícia Joy Transition, que ensina pessoas com doenças terminais a morrerem sem dor. Gilda (Denise Fraga) é uma das alunas que não tem dinheiro para pagar pela eutanásia em um país onde o procedimento é legalizado e não obteve sucesso em tentativas anteriores de colocar fim à sua vida. O tema é denso, mas é com leveza e humor que o diretor Paolo Marinou-Blanco conduz o filme “Sonhar com Leões”, que estreia nos cinemas no dia 11 de setembro.
Em cada aula da Joy Transition, nas interações com o amigo Amadeu (João Nunes Monteiro) e nas idas ao hospital por complicações do câncer, Gilda demonstra que não tem medo da morte. Pelo contrário: a personagem mostra que uma boa relação com a ideia de finitude é essencial para viver uma vida plena de significado.
A complexidade da personagem Gilda
A protagonista tem uma dualidade marcante: ao mesmo tempo em que vive intensamente, deseja a morte devido ao câncer terminal. Denise Fraga comenta sobre o desafio de interpretar essa personagem complexa.
Denise Fraga: Agradeço eternamente ao Paolo pelo convite. Quando li o roteiro, quis fazer o filme por se tratar de uma das personagens mais ricas que já encontrei e uma das que mais gostei de interpretar. Toda a riqueza do roteiro está no filme, e as conversas sobre ele comprovam isso.
O filme mistura comédia e drama de forma única. Quando li o roteiro, percebi que Paolo radicaliza essa abordagem, criando uma tragicomédia surreal que convida o espectador a refletir sobre temas como eutanásia, morte e finitude.
O equilíbrio entre tragédia e comédia
Paolo Marinou-Blanco compartilha os desafios de transformar um roteiro tão denso em uma tragicomédia.
Paolo Marinou-Blanco: Sempre quis abordar a eutanásia e a morte pela perspectiva da comédia, pois acredito que isso permite falar sobre temas dolorosos de forma mais acessível. O maior desafio foi encontrar o equilíbrio certo entre tragédia e comédia em cada aspecto do filme.
Denise foi fundamental nesse processo. Seu talento e coragem para explorar temas sensíveis ajudaram a alcançar o tom perfeito para um filme que lida com morte, envelhecimento e doença.

Uma nova perspectiva sobre a morte
O filme convida o público a encarar a morte de uma forma diferente, em vez de fugir do assunto.
Denise Fraga: Precisamos falar sobre eutanásia e morte digna. A medicina prolonga a vida, mas muitas vezes sem considerar a qualidade dela. A morte digna é um tema complexo, e o filme aborda isso de forma madura.
Paolo Marinou-Blanco: Para mim, o filme é sobre querer viver, mas ter de morrer porque não se pode viver do jeito que se deseja. Isso levanta questões importantes sobre o que torna a vida digna de ser vivida.
A mensagem do filme
Paolo e Denise refletem sobre as conversas que esperam provocar com a obra.
Paolo Marinou-Blanco: Espero que o filme inspire discussões sobre o que é verdadeiramente importante na vida e também sobre a necessidade de empatia em relação à eutanásia.
Denise Fraga: Pessoas em fim de vida merecem nossa alegria, não apenas pena. O filme mostra como enfrentar a dor com criatividade e força vital.
O filme não apenas aborda a morte, mas também reforça a importância de viver cada momento com propósito e significado.








