5 de dezembro de 2025
sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Nenhuma experiência é realmente individual

Nenhuma experiência é individual. Essa é uma das frases mais populares nas redes sociais atualmente. E faz sentido. Às vezes, alguém próximo já vivenciou algo que você jura que só aconteceu na sua vida. Ainda que cada dor carregue uma história única, ela pode encontrar eco na emoção e no acolhimento do outro.

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Apesar das experiências não serem individuais, esses momentos sempre são vividos de forma subjetiva. As pessoas podem ter passado por coisas parecidas, mas as emoções despertadas são diferentes.

“A forma como cada um vai viver sua dor está relacionada a sua história de vida, traumas vividos, valores pessoais, traços de personalidade, contexto social, tudo isso levando ao seu repertório interno para lidar com o sofrimento”, explica a psicóloga Fatima Macedo.

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Por isso, muita gente pode pensar que suas dores são únicas – e de fato são – e que não poderão ser compreendidas. Mas só porque as dores são subjetivas, não significa que elas não podem ser compartilhadas e acolhidas por outras pessoas. Às vezes, nenhuma experiência é individual, não é mesmo?

A dor da incompreensão

O sentimento de incompreensão pode provocar uma maior dificuldade de expressão e sensação irreal de que as pessoas ao redor não se importam. No campo da inteligência emocional, isso é chamado de egocentrismo cognitivo, um sofrimento que é percebido como singular, que ninguém mais é capaz de sentir ou entender.

“Quando não nomeamos e endereçamos adequadamente nossos sentimentos, eles tendem a crescer dentro de nós. Conversam conosco como uma comida indigesta, que não nos deixa esquecer o desconforto causado. O medo do julgamento pode, inclusive, distorcer nossa percepção a respeito de como o outro reagiria caso falássemos”, diz Fatima.

Tudo isso contribui para baixa autoestima, desgaste psíquico e sintomas como ansiedade, insônia e até somatizações físicas. “Estudos sobre regulação emocional mostram que a supressão frequente das emoções está associada a maior risco de depressão e a relações sociais menos satisfatórias.”

A importância da abertura emocional

O medo de externalizar os sentimentos e do julgamento isola emocionalmente os indivíduos, de forma a dificultar a comunicação, a empatia, a sinceridade, a confiança e a intimidade emocional: aspectos essenciais para a construção de relações saudáveis.

“Quando conseguimos nos abrir para o outro e expor nossas necessidades e vulnerabilidades construímos conexão, ou seja, a intimidade emocional depende desta vulnerabilidade compartilhada com pessoas que confiamos. Sem abertura, as relações ficam superficiais”, explica a psicóloga.

Trabalhar o autoconhecimento é uma forma de desenvolver empatia e autocompaixão, habilidades importantes para o acolhimento da própria dor e da dor dos outros. A psicoterapia pode ser um início para liberar as emoções sem medo de críticas.

“É importante ter um acompanhamento profissional para ajudar a superar esse medo que envolve se fortalecer internamente e buscar relações em que seja possível ser aceito como se é”, indica Dalila Stalla, gestora de psicologia da Rede Hospital Casa.

Vulnerabilidade segura

Ao mesmo tempo que é importante compartilhar sentimentos para não gerar uma sobrecarga emocional, também é essencial saber equilibrar esse aspecto com a necessidade de privacidade. “Nem todo sentimento precisa ou deve ser compartilhado, mas guardar tudo faz mal”, aponta Fatima.

Quando experiências pessoais são compartilhadas em ambientes que não oferecem suporte, a dor da exposição inadequada pode ser mais um peso. Os riscos vão desde críticas até culpa e vergonha. Mas é possível encontrar acolhimento com pessoas e locais certos.

“Se abrir para pessoas ou lugares errados pode trazer sofrimento, julgamento, traição, manipulação e afastamento. Por isso, é essencial pensar bem no momento, na forma e nas pessoas com quem você escolhe confiar”, destaca Dalila.

“Psicologicamente, esses riscos são amplamente reconhecidos, pois podem impactar negativamente tanto a saúde mental quanto os relacionamentos interpessoais.”

Para conseguir alcançar o equilíbrio, o autoconhecimento entra novamente em campo: o maior companheiro para uma vida com mais qualidade e vínculos mais afetivos.

“O ideal é identificar os momentos certos e as pessoas certas para dividir experiências relevantes, preservando aquilo que é íntimo, mas sem se isolar. Um bom critério é se perguntar: ‘Compartilhar isso fortalece ou fragiliza meu bem-estar e minhas relações?’.”

Fazer uma leitura dos ambientes e das pessoas também é importante para uma vulnerabilidade mais segura. A observação de sinais verbais e não verbais ajuda a nos preservar de exposições inadequadas ou de pessoas que, de fato, julgariam ou criticariam os sentimentos. “Identificar as pessoas e ambientes certos envolve observar a presença de escuta ativa, respeito e confidencialidade.”

Para Dalila, relações de confiança são aquelas que se constroem por meio de consistência de comportamento e ausência de críticas destrutivas. Além disso, ambientes como terapia e grupos de apoio podem funcionar como suporte em momentos difíceis.

“É totalmente possível se expressar emocionalmente de forma saudável, sem se sentir exposto. O essencial é agir com clareza, respeito por si mesmo e confiança nas relações.”

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