A Justiça da Itália determinou nesta quinta-feira (28) que a deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) permanecerá presa em Rebibbia, na Itália. A parlamentar buscava responder ao processo em prisão domiciliar, em um apartamento nos arredores de Roma.
O sistema judiciário italiano considerou que existe “alto perigo de fuga” e decidiu que o processo de extradição da brasileira, que pode durar meses, seguirá adiante. Com a manutenção da prisão, Zambelli continua respondendo ao processo que pode resultar em sua volta ao Brasil. Atualmente, o caso está no Ministério do Interior italiano, equivalente ao Ministério da Justiça brasileiro.
Uma audiência realizada na manhã de quarta-feira (27) contou com a participação da defesa de Zambelli e de um representante do governo brasileiro, responsável pelo pedido de extradição. Na ocasião, os advogados da parlamentar alegaram problemas de saúde e afirmaram que ela é vítima de perseguição política.
Laudo médico
O laudo médico encomendado pela Justiça italiana, segundo diplomatas brasileiros, foi decisivo para a decisão de mantê-la presa. O documento de 19 páginas, obtido pela CNN, foi elaborado pela especialista italiana em medicina legal Edy Febi.
A médica analisou o estado de saúde físico e mental da deputada e concluiu que Zambelli pode continuar seu tratamento médico dentro da penitenciária de Rebibbia. “Com o regime prisional, incluindo a possibilidade de receber as terapias necessárias, não há motivos para impedir a detenção”, afirmou.
O laudo menciona um quadro de transtorno depressivo, mas ressalta que não foram registrados comportamentos de automutilação. “Durante a avaliação, a paciente mostrou-se lúcida e adequada às circunstâncias, apesar do humor deprimido e problemas de sono”, registrou a especialista.
O documento também aborda a Síndrome de Ehlers-Danlos, doença rara que afeta músculos e articulações, mas afirma que o quadro “não apresenta risco de vida”. Quanto à greve de fome da parlamentar, o laudo indica que não há impedimentos para a manutenção do regime prisional.
“Concluímos que não há evidências de que o estado de saúde seja incompatível com a prisão, já que todas as necessidades terapêuticas podem ser atendidas no local”, finaliza o documento. A médica também afirmou que não vê impedimentos para que Zambelli viaje de avião caso seja extraditada, mas recomenda cuidados especiais durante o transporte.
Zambelli está detida desde 29 de julho. Na última audiência, foi autorizado o acesso a medicamentos na prisão feminina de Rebibbia. Em maio deste ano, a parlamentar foi condenada a dez anos de prisão por invadir o sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em conjunto com o hacker Walter Delgatti.








