5 de dezembro de 2025
sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

IA ajuda medicina a resgatar essência com toque e escuta

“Medicina se faz com as mãos. Não abandonem o exame físico. O toque é parte essencial do ato médico, dá mais tranquilidade ao paciente. Dá certeza que o médico se preocupa com ele.”

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Ao falar sobre a essência da medicina, foi assim que o oncologista e escritor Dráuzio Varella tocou cerca de 1.500 médicos na palestra “A alma do cuidado”, realizada em Curitiba, no Paraná, durante o evento “DocSoul – a alma por trás do jaleco”, que discutiu a reconexão humana da medicina na era da IA (inteligência artificial) e outros temas.

Com tantos recursos tecnológicos que existem hoje à disposição na área, o bom e velho exame físico do paciente no consultório ainda faz alguma diferença?

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“Sim, totalmente!”, respondeu rapidamente Dráuzio, com seu tom leve, porém firme.

A medicina que ainda escuta

Uma consulta de verdade. Olho no olho e conversa sincera. Escuta atenta para as queixas do paciente. Sem tentativa de receitar medicamentos ou aceitar procedimentos estéticos que, no fundo, não são realmente necessários. Uma consulta médica humana em que há uma troca, e não apenas pressa em ganhar dinheiro ou indicar produtos.

Em um mundo em que a IA (inteligência artificial) também avança na medicina, movimentos caminham lado a lado com a frase de Dráuzio Varella e buscam por uma reconexão humana na medicina.

A dermatologista Silvia Zimbres, da Slow Clinic e do Instituto Zimbres, une o uso da tecnologia com o atendimento humanizado. Um dos recursos de IA recentemente adotados pela médica tem como objetivo antecipar possíveis problemas de pele em até 3 anos por meio de uma análise detalhada do rosto em uma máquina – que por sinal tem um aspecto bem futurístico.

Calma, sem pressa… Ao tirar o rosto do equipamento, uma certa ansiedade pode aparecer. No entanto, logo depois vem a conversa, a escuta, a troca. Antes de mostrar qualquer resultado gerado pela IA como auxílio na medicina, há uma consulta de pelo menos 1h. O software utilizado pela médica analisa distribuição dos poros, manchas, rugas e danos UV (ultravioleta).

Um paciente que chega com tantas questões sobre a aparência, pode sair do consultório apenas com indicação para usar protetor solar diariamente e aumentar o consumo de água. O estilo de vida e as características individuais de cada um são a prioridade na consulta.

De acordo com Silvia, esse atendimento humanizado é essencial, principalmente na dermatologia, área em que procedimentos estéticos pautados em comparações de redes sociais se tornaram cada vez mais comum.

Os próprios médicos, às vezes, deixam de lado a ética e apenas seguem o “desejo” do paciente, sem ao menos escutá-lo de verdade. Não há consulta, conversa, exame.

“As pessoas falavam muito em rejuvenescimento. É preciso esquecer isso. É envelhecer com dignidade, com saúde. Não faz sentido eu fazer uma consulta dermatológica em que eu só faço um botox na paciente, tiro as rugas, e ela fica linda, mas eu não examino nem a pele. E se ela tiver câncer e não sabe? E se ela nunca examinou qualquer pinta pelo corpo?”, ressalta Silvia.

Para seus alunos, geralmente médicos em residência, a dermatologista é bem clara: “Sempre reforço para eles nunca esquecerem que fizeram um juramento. Eles cuidam de pessoas.”

“O dinheiro vem quando você faz bem e faz o que gosta. Meus pacientes estão comigo há 20 anos. Eu não quero que ele venha e gaste uma fortuna, eu quero que ele fique comigo por 20 anos. São cuidados, não interferências invasivas”, acrescenta.

Silvia afirma que o contato humano também funciona como uma espécie de “terapia”. “Escuto muitos desabafos e, às vezes, por várias visões diferentes. Isso porque atendo famílias inteiras há mais de 10 anos. Entender o contexto das queixas é fundamental para que os procedimentos estéticos não sejam somente uma fuga de outros problemas.”

“Criamos laços com nossos pacientes. Laços que permanecem. Viramos quase uma família. Isso porque o cuidado é guiado pela ciência, pela ética na medicina e por uma beleza que respeita a essência de cada pessoa.”

Em um cenário em que a tecnologia avança em ritmo acelerado e a medicina se reinventa a cada dia, Dráuzio Varella e Silvia Zimbres reforçam que, apesar de todos os recursos disponíveis, nada substitui o olhar atento, o toque cuidadoso e a escuta genuína. Eles são apenas dois exemplos de um movimento maior que busca a reconexão humana na medicina.

Cada paciente é muito mais do que um diagnóstico ou um procedimento, é uma vida inteira que merece respeito, tempo e dedicação.

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