Quando os sentimentos não são compreendidos, há uma tendência a se tornar refém dos diagnósticos psicológicos.
O mundo atual intensifica os processos de medicalização, transformando até os menores desconfortos em patologias. Paralelamente, o consumo excessivo de telas e vídeos estimulantes sobrecarrega o cérebro com dopamina, dificultando o reconhecimento das palavras que definem nossa subjetividade.
A redução do vocabulário emocional pode complicar a vida cotidiana, privando as pessoas de entenderem plenamente seus próprios estados internos.
O poder da nomeação emocional
Identificar e nomear os sentimentos é um dos pilares do autoconhecimento. Quanto maior a capacidade de descrever a realidade interior, mais sofisticada se torna a percepção do mundo e dos fenômenos que nos rodeiam.
Assim como um microscópio mostra apenas borrões para quem não sabe interpretá-los, a falta de vocabulário emocional impede a compreensão do que se sente. Sem a capacidade de nomear as emoções, fica difícil saber o que realmente está sendo experimentado.
A “normalidade” como forma de evitar sentimentos
Muitas pessoas relutam em entrar em contato com suas emoções. Quando questionadas sobre seus sentimentos, frequentemente descrevem estados vagos como “me senti normal”, sem refletir sobre o que isso realmente significa.
A armadilha da repressão emocional
Em meio aos celulares e à crescente patologização do mal-estar, surge uma verdadeira confusão emocional. Algumas perspectivas tradicionais ainda associam o contato com os próprios sentimentos a fraqueza ou vulnerabilidade.
No entanto, essa visão é enganosa. Encarar os próprios sentimentos, mesmo os mais desconfortáveis ou socialmente reprováveis, é um ato de coragem e honestidade pessoal.
Os riscos da seletividade emocional
As filosofias que defendem o foco exclusivo em emoções positivas são particularmente prejudiciais. Ao ignorarem aspectos essenciais da experiência humana, elas ampliam a desconexão entre o que vivemos e o que conseguimos expressar.
Os sentimentos surgem espontaneamente, não são escolhas conscientes. O verdadeiro desafio está em decidir como agir em relação ao que se sente, e não em julgar as emoções como “boas” ou “ruins”.
A liberdade através do autoconhecimento
Reprimir certas emoções limita o contato com a totalidade da experiência humana. A verdadeira liberdade emerge quando há capacidade de escolher como lidar com o que se sente, mantendo-se em harmonia com o mundo interno.








