5 de dezembro de 2025
sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Estudo mostra que violência no Rio impacta aprendizagem de estudantes

Em estudo inédito, pesquisadores demonstram que a violência nas favelas e comunidades do Rio de Janeiro causa danos irreparáveis e afeta diretamente o aprendizado dos estudantes em escolas localizadas nessas áreas. O desempenho em língua portuguesa cai para menos da metade, enquanto em matemática é como se os alunos não tivessem aprendido conteúdo algum.

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Esta é a primeira pesquisa que utiliza relatos de diretores escolares coletados por meio de um aplicativo da Secretaria Municipal de Educação. O estudo O Impacto da Guerra às Drogas na Educação das Crianças das Periferias do Rio de Janeiro foi publicado na revista Dados, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Os resultados indicam que alunos do 5º ano do ensino fundamental em áreas com seis ou mais episódios violentos no ano aprendem, em média, 65% menos em língua portuguesa do que o esperado para um ano letivo. Em matemática, o prejuízo é equivalente à perda de um ano inteiro de aprendizado. No total, 32 escolas foram identificadas nessa situação, evidenciando o profundo impacto da violência no desenvolvimento educacional.

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Fatores que prejudicam o aprendizado

Tiago Bartholo, professor da UFRJ e um dos autores do estudo, explica que o aprendizado é prejudicado por diversos fatores relacionados à violência.

“As escolas permanecem fechadas por mais dias devido a esses episódios. Além disso, há aumento nas faltas de alunos e professores nos dias de violência ou no período seguinte”, afirmou.

Bartholo destacou outros efeitos negativos: “A violência afeta a capacidade de aprendizado das crianças, seja pelo impacto no sono, seja pelo estresse gerado em estudantes, professores e toda a comunidade escolar”.

Metodologia da pesquisa

O estudo utilizou dados do Fogo Cruzado, que registra tiroteios e disparos de armas de fogo, combinados com resultados da Prova Brasil, avaliação nacional que mede conhecimentos em língua portuguesa e matemática.

O diferencial da pesquisa foi a utilização de informações de um aplicativo da Secretaria Municipal de Educação, onde diretores registravam episódios violentos que afetavam as escolas. Bartholo destacou que esse aplicativo já não está mais disponível.

“Os gestores escolares podem fornecer informações valiosas sobre o que realmente ocorre nas unidades de ensino, especialmente em relação a casos de violência”, explicou.

Para isolar o efeito da violência, compararam-se escolas em áreas violentas com unidades similares em infraestrutura e contexto socioeconômico, mas sem histórico de violência no entorno.

Resultados preocupantes

Os dados referem-se a 2019, para evitar distorções causadas pela pandemia, que afetou todo o sistema educacional, especialmente em áreas vulneráveis.

A pesquisa revelou que o entorno violento está associado a redução média de 7,2 pontos em língua portuguesa e 9,2 em matemática no 5º ano, na escala do Saeb. Para contextualizar, um ano de estudos equivale a 11,2 pontos em português e 8,5 em matemática.

Bartholo enfatiza que esse prejuízo não ocorre apenas em um ano, mas se acumula ao longo da vida escolar: “São diferenças pedagógicas significativas que demandam atenção do poder público”.

Violência e domínio territorial

Dados complementares mostram que cerca de 800 mil estudantes de escolas públicas na região metropolitana do Rio são impactados pela violência armada. Na capital, mais da metade das escolas estão em áreas controladas por grupos criminosos, com registros de milhares de tiroteios próximos a unidades educacionais em 2022.

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