O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba e destacou a importância do Programa Mais Médicos, implementado no Brasil em 2013 com cooperação do país caribenho. Durante discurso, Lula reforçou que a relação do Brasil com Cuba é baseada em respeito.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou a revogação dos vistos de funcionários do governo brasileiro e ex-integrantes da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) relacionados ao programa de cooperação em saúde com Cuba.
Entre os afetados estão Mozart Julio Tabosa Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, ex-assessor de Relações Internacionais do ministério.
“O fato deles caçarem o Mozart foi por causa de Cuba. Então, é importante eles saberem que a nossa relação com Cuba é uma relação de respeito a um povo que está sendo vítima de um bloqueio há 70 anos. Hoje, estão passando necessidade, em um bloqueio que não há nenhuma razão. Os Estados Unidos fez uma guerra, perdeu. Aceite que perdeu e deixa os cubanos viverem em paz, deixa os cubanos viverem a sua vida. Não fiquem querendo mandar no mundo”, disse Lula em evento em Goiana, em Pernambuco.
O bloqueio econômico dos EUA contra Cuba persiste há mais de 60 anos, com o objetivo de pressionar mudanças no regime político cubano. A exportação de médicos é uma das principais fontes de recursos para Cuba, e o governo norte-americano tem pressionado países que recebem profissionais cubanos.
Nações caribenhas como São Vicente e Granadinas, Barbados e Trinidad e Tobago já se manifestaram em defesa dos acordos médicos com Cuba.
O programa de cooperação médica cubano existe desde a década de 1960, tendo enviado mais de 605 mil profissionais para 165 países, incluindo Portugal, Ucrânia, Rússia, Espanha, Argélia e Chile.
A participação de médicos cubanos no Mais Médicos ocorreu entre 2013 e 2018, em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).
Lula ressaltou que o Mais Médicos foi criado para suprir deficiências na assistência médica no Brasil, criticando a resistência de parte da classe médica ao programa.
“Quando nós criamos o Mais Médicos, qual era a bronca dos médicos [que criticaram a participação dos cubanos]? É que tem uma parte elitista da saúde nesse país que acha que não falta médico. Agora, os prefeitos sabem que falta médico. Mesmo para levar para a periferia mais violenta, é difícil você ter médico que quer ir. Tem prefeito que não pode nem pagar o salário de médico porque ninguém quer ficar confinado numa cidadezinha do interior, se o cara pode estar na capital”, disse Lula.
Lula destacou a importância do governo em garantir acesso à saúde em todas as regiões do país.
Soberania na saúde
Durante inauguração de unidades da Hemobrás em Goiana (PE), Lula destacou a autonomia do Brasil no fracionamento de plasma humano, matéria-prima para medicamentos essenciais.


A nova planta industrial, resultado de investimento de R$ 1,9 bilhão, produzirá medicamentos de alto custo como albumina, imunoglobulina e fatores de coagulação, usados no tratamento de queimados graves, pacientes de UTI, hemofilias e doenças raras.
O presidente afirmou que a iniciativa reforça a soberania nacional na produção de medicamentos para o SUS e criticou as recentes sanções dos Estados Unidos contra o Brasil.
Hemoderivados
A Hemobrás já fornece hemoderivados ao sistema público através de transferência de tecnologia, tendo entregado 552 mil frascos de medicamentos e 870 milhões de Unidades Internacionais de produtos recombinantes em 2024.
A nova fábrica permitirá ao Brasil produzir até 500 mil litros de plasma fracionado por ano e seis tipos de medicamentos dentro de quatro anos.
Com a inauguração dos novos blocos, a empresa inicia a qualificação de processos necessária na indústria farmacêutica, com expectativa de iniciar o fracionamento de plasma no próximo ano.
Atualmente, a Hemobrás coleta plasma excedente de 72 hemocentros públicos em todo o país, material que antes era processado no exterior.
Em 2023, foi inaugurada a fábrica de medicamentos biotecnológicos da Hemobrás, que já produz o Hemo-8r para tratamento de hemofilia A após aprovação da Anvisa.
A empresa planeja entregar 300 mil frascos do Hemo-8r ao SUS até o final do ano e avançar para as etapas de envase e produção do insumo farmacêutico ativo até 2026.
Além da agenda em Goiana, Lula anunciou medidas do programa Agora Tem Especialistas e entregou títulos de regularização fundiária em Brasília Teimosa, no Recife.








