5 de dezembro de 2025
sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Colecionar reflete a importância das memórias e dos afetos

Quem nunca encontrou alegria ao olhar para um livro antigo, um vinil herdado de um avô, uma miniatura dos sonhos ou uma camiseta de time cheia de histórias? Colecionar itens que resistem ao tempo e nos permitem reviver momentos é algo profundamente humano.

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Por trás de estantes abarrotadas, caixas organizadas cuidadosamente ou álbuns completados meticulosamente, existe uma motivação emocional que é frequentemente ignorada. Esse hábito tão comum pode ser uma forma de nos reconectarmos com nossa própria história e com os laços afetivos que permeiam nossa vida.

Formas de Identidade e Pertencimento

De acordo com a neuropsicóloga Luciana Benedetto, o ato de colecionar está intimamente relacionado ao nosso sistema de recompensa cerebral. Comprar ou encontrar um item desejado libera dopamina, proporcionando prazer e reforçando o hábito.

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Não se trata apenas de colecionar pelo material em si. Às vezes, colecionar oferece alívio à ansiedade, conforto em tempos difíceis e uma sensação de controle em meio ao caos. Luciana afirma que um universo bem organizado de itens pode oferecer segurança e estabilidade emocional.

Além do prazer pessoal, colecionar também pode ser uma forma de expressar nossa identidade e com quem nos conectamos. A identificação com certos objetos vai além da estética. “O cérebro ativa áreas ligadas à percepção do ‘eu’ quando nos vemos representados por símbolos ou grupos com interesses em comum”, explica.

“Quer seja um fã de discos de vinil que frequenta feiras aos domingos ou uma pessoa que guarda camisas de futebol com valor sentimental, o colecionador não está apenas reunindo itens, mas reafirmando sua identidade e criando vínculos.”

Objetos que Guardam Tempo e Afeto

Aos 83 anos, o empresário Milton Bigucci transformou sua história em um museu pessoal, incluindo um vagão de trem centenário no quintal. “Sempre gostei de preservar memórias. Guardar objetos históricos mantém nossa atividade atual,” compartilha ele, colecionador de selos dos anos 1950, máquinas de datilografar, calculadoras manuais e cadernos escolares.

Uma calculadora dos anos 1960 ocupa um lugar especial em seu coração. “Era enorme e pesava quase 10kg. Quando deixei a construtora, me deram de presente. Tenho ainda cadernos de 1959 e publicações da faculdade, guardo tudo com carinho.”

“Cada objeto está ligado a um momento especial da minha vida. Isso me entusiasma e me faz feliz.”

A coleção cresceu tanto que se tornou um minimuseu na sede de sua construtora e em um vagão de trem. “Quando comprei o terreno, o corretor sugeriu que eu fizesse algo com o vagão. Descobrimos sua origem na Estrada de Ferro Mogiana. Transformei-o em um espaço de memórias.”

Uma pequena parte dos objetos que Bigucci coleciona desde a juventude

Nostalgia que Acolhe

A nostalgia é um dos motores do colecionismo. Encontrar algo que nos remete a um período específico da vida ativa memórias e sentimentos de pertencimento.

“A nostalgia ativa circuitos cerebrais ligados à memória autobiográfica e ao sistema de recompensa,” detalha Luciana. É por isso que objetos antigos, mesmo fora de moda, nos atraem tanto.

Entretanto, é essencial reconhecer quando colecionar se torna uma compulsão.

“Colecionar de forma saudável é prazeroso e controlado. Quando se torna compulsivo e traz prejuízos, pode estar associado a transtornos de acumulação.”

Histórias Bordadas e Guardadas

Para muitos, o que parece um conjunto de objetos é, na verdade, um relicário de afetos. Wellington Melo, assessor de comunicação, desde a infância coleciona álbuns da Copa do Mundo e camisas de futebol.

“Minha paixão começou naturalmente. A beleza de ter esses itens de diferentes anos é única,” conta. Os álbuns da Copa sempre tiveram um elemento especial de atração.

Desde 2014, Wellington coleciona camisas de times

Suas memórias com futebol estão entrelaçadas com afetos. “Pensei em vender meus álbuns, mas eram muitas histórias. Trocas com amigos e até desconhecidos nos shoppings me marcaram.”

Como toda paixão, colecionar tem suas histórias únicas. “Já paguei R$ 50 por uma figurinha e R$ 800 pelo álbum da Copa de 2002.”

Uma camisa do Flamengo de 2019 com assinatura de Andrade, campeão de 1981, é uma de suas peças mais especiais. “Nem lavei para não apagar o autógrafo. Quero outros nomes eternizados nela.”

O estudante Guilherme Fusco também encontra em sua coleção de camisas esportivas uma forma de se conectar com suas origens. Começando com uma camisa do Corinthians de 2008, acumulou peças de várias seleções e times ao longo de suas viagens.

Entre suas peças valiosas, destaca-se a camisa da Alemanha de 2010. “Rara e difícil de achar, me lembra a Copa de 2010 e minha família toda ligada ao futebol.”

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