O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou ao presidente russo, Vladimir Putin, a disposição do Brasil em atuar pelo fim do conflito entre Rússia e Ucrânia. Durante sua recente visita a Moscou, realizada nos dias 8 e 9, Lula enfatizou que sua posição sobre a paz permanece inalterada. Em coletiva de imprensa, ele declarou: “O discurso do Brasil vai continuar exatamente o mesmo. Nós trabalhamos, queremos e torcemos para que essa guerra acabe.”
Diálogo e Negociação
Lula destacou a importância do diálogo com diversos países e ressaltou que a guerra só encontrará fim se tanto a Rússia quanto a Ucrânia concordarem em buscar a paz. “Se um só quiser, não vai acabar”, afirmou. O presidente também mencionou a criação de um grupo de amigos por países emergentes, incluindo a China, com o objetivo de mediar negociações, desde que ambas as partes estejam abertas a isso.
Além do conflito na Ucrânia, Lula fez referência à situação da Faixa de Gaza, criticando as recentes ações do governo israelense que buscam expandir a ocupação. Ele frisou a necessidade de discutir não apenas a guerra na Ucrânia, mas questões de normalização global, que incluem as tensões no Oriente Médio.
Críticas ao Militarismo
Em suas declarações, Lula criticou a ideia de incentivar guerras, referindo-se ao aumento do armamento na Europa. “É uma loucura gastar trilhões de dólares com armas quando o mundo precisa de investimentos em educação, saúde e alimentos”, afirmou. Ele reiterou a importância do multilateralismo e defendeu uma reforma no Conselho de Segurança da ONU, atualmente restrito a cinco membros permanentes: Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido.
Celebrações e Reflexões
A visita de Lula ocorreu em um momento simbólico, durante as celebrações dos 80 anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista. Apesar das críticas sobre o caráter político da celebração, Lula argumentou que a Europa deveria reconhecer a importância histórica desse evento, especialmente pelo impacto devastador da guerra na juventude soviética.
Soberania Brasileira
Em resposta a comentários sobre a América Latina como “quintal” dos Estados Unidos, Lula enfatizou que o Brasil não aceitará ser tratado como inferior. “Nós não queremos ser melhores do que ninguém, mas não aceitamos ser piores. O Brasil será quintal do Brasil, um país livre e soberano”, declarou.
Comércio Justo e Globalização
A viagem de Lula também ocorre no contexto da crescente guerra comercial entre Estados Unidos e China. O presidente expressou seu desejo por um comércio mais justo e flexível, visando beneficiar países menores e mais pobres. Tais discussões serão parte da agenda do Brasil na presidência do Brics, cuja cúpula de líderes ocorrerá no Rio de Janeiro em julho.
Reforma da governança global e desenvolvimento sustentável com inclusão social estão entre os principais temas que o Brasil busca promover neste semestre, reforçando seu papel na diplomacia internacional e na busca pela paz.