Cerca de 76% dos estudantes do ensino médio na rede estadual do Espírito Santo apresentam níveis insuficientes de aprendizagem em matemática, segundo dados preliminares do Programa de Avaliação da Educação Básica do Espírito Santo (Paebes) 2024, divulgados nesta terça-feira (11) pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu). A situação também é preocupante no 9º ano do ensino fundamental, com 73% dos estudantes da rede estadual e 81% da rede municipal classificados nos níveis abaixo do básico ou básico, considerados insuficientes para a etapa.
Os resultados apontam a permanência de desafios estruturais na educação capixaba. No ensino médio estadual, apenas 24% demonstram aprendizagem suficiente, enquanto o percentual para o 9º ano do fundamental é de 28% na rede estadual e de apenas 20% na municipal. O Paebes utiliza uma escala de 0 a 500 pontos, que classifica os estudantes em quatro níveis: abaixo do básico, básico, proficiente e avançado. Quanto maior a pontuação, mais elevado é o desempenho do aluno.
Apesar das dificuldades, houve avanços em comparação ao ano anterior. No ensino médio da rede estadual, o percentual de estudantes com aprendizagem suficiente cresceu 5%. No 9º ano, o aumento foi de 7% na rede estadual e de 3% na rede municipal. O secretário de Estado da Educação, Vitor de Angelo, avaliou os resultados de forma positiva, destacando a redução das desigualdades educacionais nos últimos anos.
“Isso ainda persiste, mas em uma proporção bem menor do que no início do governo. Mostra que estamos avançando e buscando melhorar a educação de forma mais equitativa. Nós priorizamos ações que beneficiem todos, não apenas um grupo”, afirmou o secretário.
Para Wagner dos Santos, professor do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o progresso ainda é tímido. Ele observou que uma parcela significativa, quase metade dos alunos, permanece no nível abaixo do básico. “Com esse ritmo de crescimento, levaríamos cerca de 15 anos para atingir níveis avançados”, comentou.
Além disso, as redes municipais demonstram um desempenho inferior às estaduais, com diferenças que podem ultrapassar 10 pontos nas avaliações de grande escala. Em língua portuguesa, por exemplo, os estudantes da rede estadual alcançaram 261 pontos, enquanto os das redes municipais ficaram com 252 pontos. Segundo Santos, essa disparidade reflete uma maior eficácia das políticas educacionais implementadas na rede estadual.
O desempenho relativamente superior da rede estadual é atribuído à adoção de estratégias mais robustas de monitoramento e intervenção pedagógica, como destacou o secretário Vitor de Angelo. No estado, além do Paebes, são realizadas avaliações regulares, diagnósticas e de monitoramento, como o AMA (Avaliação de Monitoramento da Aprendizagem).
“O diferencial está nas nossas rotinas pedagógicas escolares, implementadas em 2024. Focamos nos pontos mais fragilizados a partir dos dados das provas anteriores e, por meio de formações e materiais pedagógicos, trabalhamos de forma direcionada. Também apoiamos os municípios com assessoria e financiamentos, como os previstos pelo Programa Escola que Colabora e pelo Funpaes”, explicou.
Os dados preliminares do Paebes reafirmam sua relevância como ferramenta de diagnóstico no monitoramento da qualidade educacional capixaba. Realizada anualmente, a avaliação engloba estudantes do 2º, 5º e 9º anos do ensino fundamental e da 3ª série do ensino médio, fornecendo indicadores essenciais para guiar políticas de redução de desigualdades e promoção da equidade.
O relatório final do Paebes 2024, já considerando as possíveis revisões de dados, será divulgado entre o final de março e o início de abril. O desafio para gestores e educadores, agora, é acelerar os avanços, garantindo que estratégias mais inclusivas e inovadoras sejam amplamente adotadas, visando melhorar o cenário e proporcionar uma educação de qualidade efetivamente universalizada.








