A recente decisão da Meta, que inclui o fim do programa de checagem de fatos, tem gerado preocupações no Brasil, especialmente entre as autoridades governamentais. A mudança nas práticas de moderação de conteúdo, que se aplica a plataformas como Facebook e Instagram, ocorre em um momento delicado, à medida que se aproxima a posse do novo governo de Donald Trump nos Estados Unidos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou seu descontentamento em entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews. Ele destacou que a abordagem da Meta sugere uma maior liberdade em relação à disseminação de informações que podem ser falsas ou enganosas. Para Haddad, essa mudança reflete a ideia de que a liberdade de expressão está se confundindo com a aceitação de calúnias e mentiras.
O ministro afirmou que o cenário político brasileiro, especialmente durante as eleições de 2018 e os eventos relacionados ao golpe de Estado em 2022, ilustram os perigos das fake news. Ele enfatizou como essas falsas informações podem minar a democracia e influenciar ações extremas, como a violência política. Segundo Haddad, estamos vivendo um momento de crescente tensão, onde questões ideológicas ganham destaque e impactam diretamente no clima social.
Com a nova abordagem da Meta, os usuários dessas plataformas poderão sinalizar publicações potencialmente enganosas, sem depender exclusivamente de entidades independentes para a verificação dos fatos. Essa mudança levanta questões sobre a responsabilidade e a qualidade da informação que circula nas redes sociais.
A Meta argumenta que as decisões sobre o que e como checar fatos eram influenciadas por inclinações pessoais dos especialistas envolvidos. A empresa deseja promover um ambiente que favoreça a liberdade de expressão, ainda que isso possa levar a uma maior liberdade para a disseminação de informações falsas.
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, também abordou a problemática da censura, ressaltando a necessidade de proteger as empresas americanas de pressões externas, e mencionou os desafios enfrentados por empresas na América Latina, onde há preocupações sobre intervenções silenciosas na remoção de conteúdo.
Essa mudança na política da Meta pode ter implicações significativas, especialmente em períodos eleitorais e em contextos de polarização política, levantando um debate importante sobre a moderação do conteúdo e a responsabilidade das plataformas digitais.