Pesquisas sobre o bem-estar subjetivo (BES) de alunos negros revelam que o ambiente acadêmico ainda é permeado por situações de preconceito e discriminação. Esses fatores impactam não apenas a saúde mental, mas também a qualidade de vida acadêmica desses estudantes. Os dados coletados indicam que as condições de vida e estudo dos alunos negros foram afetadas de maneira mais severa pela pandemia da COVID-19 em comparação com seus colegas que não se identificam como negros.
Impacto no Bem-Estar Subjetivo
Os resultados de uma pesquisa realizada na Universidade de São Paulo (USP) apontam que o índice de bem-estar subjetivo entre os estudantes negros é inferior ao dos estudantes não negros. Além disso, esses alunos são os que mais buscam auxílios para permanência estudantil e apoio em serviços de saúde mental. O preconceito vivenciado nas universidades gera efeitos negativos significativos, reduzindo a capacidade destes alunos de se adaptarem academicamente e de concluírem seus cursos.
A Definição de Bem-Estar Subjetivo
O conceito de bem-estar subjetivo, central para esta pesquisa, é amplamente discutido no campo da psicologia. Pesquisadores como Ed Diener e Katherine Ryan definem BES como um nível de satisfação que os indivíduos experienciam segundo suas próprias avaliações da vida. Esse conceito engloba aspectos afetivos, que se referem às emoções, e aspectos cognitivos, que dizem respeito à satisfação geral em relação à vida.
Diversidade em Estudos Interculturais
Estudos sobre o bem-estar subjetivo demonstram que existem diferenças significativas de acordo com o contexto social e cultural. A conexão entre saúde física e bem-estar subjetivo tende a ser mais forte em países em desenvolvimento. Em contrapartida, laços sociais e relações cooperativas têm uma influência maior em culturas coletivistas, onde os objetivos grupais são priorizados em relação aos individuais. Além disso, países com economias mais fortes apresentam correlações positivas entre BES e fatores como renda, direitos humanos e igualdade social.
Contexto Internacional
Nos Estados Unidos, diversas pesquisas investigaram o bem-estar subjetivo da população negra, considerando diversos fatores como faixa etária, estresse e suporte social. No Brasil, as investigações costumam associar qualidade de vida e BES, sem um aprofundamento específico no contexto racial.
Metodologia da Pesquisa
O projeto de pesquisa foi conduzido em quatro etapas. A primeira envolveu uma revisão bibliográfica de artigos e dissertações relacionadas a temas como relações étnico-raciais e políticas de permanência estudantil. A segunda etapa consistiu na aplicação de uma pesquisa transversal utilizando a Escala de Bem-Estar Subjetivo, envolvendo estudantes negros, brancos, amarelos e indígenas, em dois momentos distintos.