Despertar entre 3h e 5h da manhã é uma experiência comum para muitas pessoas e, de acordo com especialistas, essa condição pode estar relacionada a flutuações nos níveis de açúcar no sangue. A análise do fenômeno revela como o açúcar no sangue e a química do corpo podem desempenhar papéis decisivos na qualidade do sono.
A teoria de Dave Asprey
O biohacker Dave Asprey, conhecido por suas pesquisas sobre saúde e longevidade, sugere que o despertar noturno pode ser atribuído a uma queda nos níveis de açúcar no sangue. Ele explica que essa baixa leva à liberação de adrenalina, que, por sua vez, teria o efeito de manter uma pessoa acordada. Asprey ganhou bastante notoriedade por essa teoria, que se espalhou rapidamente nas redes sociais, alcançando milhões de visualizações.
Estudos endocrinológicos sobre o sono
Porém, a afirmação de Asprey é contestada por endocrinologistas. Marçal Carvalho, um endocrinologista de Brasília, explica que, durante a madrugada, especialmente entre 3h e 4h, os níveis de açúcar tendem a cair. Em resposta, o corpo libera hormônios para recuperar a glicose necessária para a energia. A liberação hormonal nesse período é mais complexa do que o simples efeito adrenalínico, envolvendo também cortisol e glucagon. Este último é considerado o principal hormônio responsável pela manutenção dos níveis de açúcar sem necessariamente provocar despertamento.
O fenômeno do amanhecer e suas implicações
Este processo, conhecido como “fenômeno do amanhecer”, refere-se às inevitáveis flutuações nos níveis de glicose ao amanhecer. Embora a atividade hormonal aumente para lidar com a glicose, em geral, isso não resulta em despertares, ao contrário da teoria proposta por Asprey. Isso levanta questões sobre a natureza multifatorial do sono e o impacto de elementos como ansiedade e estresse, que podem contribuir para a interrupção do sono.
Diabetes e despertar noturno
Os indivíduos com diabetes são mais suscetíveis a acordar devido a problemas relacionados ao controle da glicose. Estudos indicam que cerca de 50% das pessoas com diabetes relatam dificuldades nesse aspecto. Sintomas como sede intensa, fome ao acordar e frequente necessidade de urinar são sinais comuns de controle inadequado da glicose noturna.
Recomendações para diabéticos
De acordo com especialistas da Cleveland Clinic e da metabolista Regina Castro, algumas medidas podem ajudar diabéticos a estabilizar a glicose pela manhã e aprimorar a qualidade do sono:
- Evitar a ingestão de carboidratos antes de dormir;
- Consultar um médico para ajustes nas doses de medicamentos para diabetes ou insulina;
- Considerar alterar o horário em que os medicamentos são tomados, do jantar para a hora de dormir.