Na Escola Estadual de Educação Profissional Jaime Alencar de Oliveira, em Fortaleza, estratégias inovadoras estão sendo implementadas para garantir que os alunos não se distraiam com o uso de celulares durante as aulas. Entre as abordagens adotadas estão caixas específicas para guardar os aparelhos e a penalização em notas de avaliação para aqueles que não cumprirem as regras. Estas iniciativas foram discutidas em um recente encontro com ministros da Educação durante a reunião do G20.
Embora algumas escolas pelo Brasil já tenham restrições sobre o uso de smartphones, ainda é necessária a criação de uma norma nacional que regule adequadamente sua utilização. A estudante Débora de Paula, do 1º ano do ensino médio, defende a importância dessa restrição, ressaltando que, embora o celular possa ser uma ferramenta educacional valiosa, a concentração nas aulas é fundamental. “Precisamos estar atentos ao que o professor fala, pois é isso que levamos para a vida”, afirma.
Dentro da sala de aula, Débora relata que a escola adotou um sistema em que os alunos começam com 10 pontos e podem perder pontos por uso indevido do celular, o que estimula a disciplina. Ela também aplicou essa rotina em casa, limitando o uso do celular até as 22h.
Outra estudante, Lua Clara, também do 1º ano de produção audiovisual, busca limitar seu uso do celular para evitar a fadiga causada por noites mal dormidas. “Controlar o uso é essencial para não acabar esgotada por causa de jogos ou redes sociais”, explica.
Na turma de eletromecânica, o estudante Allan Sousa compartilha uma abordagem semelhante, onde os alunos guardam os celulares em uma caixa durante as aulas. Ele menciona que a disciplina é um esforço conjunto dos pais e da escola, permitindo o uso do aparelho apenas quando solicitado pelos professores.
O diretor Kamillo Silva enfatiza a busca por um equilíbrio no uso da tecnologia na educação, destacando a necessidade de usar recursos tecnológicos de maneira inteligente. “Se o celular for uma distração, precisamos reduzir seu uso; caso contrário, devemos integrá-lo ao aprendizado”, afirma.
Essas discussões ganham relevância no contexto de debates internacionais, como os encontros do G20 e a Reunião Global de Educação (GEM), que abordam o uso da tecnologia nas escolas. Segundo o relatório de Monitoramento Global da Educação de 2024, a desigualdade no uso de tecnologia entre países é alarmante, com apenas 30% da população adulta em países de renda média, como o Brasil, conseguindo realizar tarefas simples como enviar um e-mail com um anexo.
Manos Antoninis, diretor do relatório GEM, alerta sobre a queda na aprendizagem em todo o mundo, observando que o uso inadequado de tecnologia nas aulas pode agravar este problema. Ele destaca que a promessa de melhoria na aprendizagem por meio da tecnologia tem se concretizado apenas para uma minoria.
No âmbito legislativo, a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados avalia o projeto de lei 104/2015, que pretende proibir o uso de celulares e dispositivos eletrônicos portáteis em todas as escolas durante as aulas e intervalos. A proposta permite o uso apenas para atividades pedagógicas nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio, enquanto a utilização é proibida nas etapas iniciais da educação infantil e no fundamental.
Com essas medidas, escolas brasileiras buscam encontrar um caminho que equilibre a presença da tecnologia em salas de aula e a manutenção da atenção dos alunos, essenciais para um aprendizado efetivo.