Em junho de 2023, aproximadamente 77.243 mulheres estavam na lista de espera por mamografias no Sistema Único de Saúde (SUS). Entre os estados brasileiros, Santa Catarina destaca-se com cerca de 17 mil mulheres aguardando o exame, seguido por São Paulo com 15 mil e Rio de Janeiro com 12,5 mil. Juntas, essas três unidades da federação representam 56% do total de pacientes que esperam pelo exame crucial para a detecção precoce do câncer de mama. As informações foram divulgadas pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) na última quinta-feira (31).
De acordo com o CBR, em algumas regiões do país, o tempo de espera por uma mamografia pode chegar a impressionantes 80 dias. A realização do exame em tempo adequado é fundamental, pois permite a detecção precoce de alterações mamárias, aumentando significativamente as chances de tratamento bem-sucedido e reduzindo a necessidade de procedimentos invasivos e custosos. O CBR ressalta que os dados refletem a sobrecarga do SUS e devem ser considerados pelos novos gestores de saúde pública que assumirão cargos após as eleições municipais.
Atenção à Subnotificação
O CBR também alertou que a fila de espera por mamografias no SUS pode ser maior do que os números oficiais indicam. Isso se deve ao fato de que o SISREG (Sistema de Regulação), do Ministério da Saúde, que deveria coletar informações de forma centralizada, depende das secretarias estaduais e municipais para a atualização dos dados. Um caso emblemático é o do Distrito Federal, onde o sistema indicava 306 pacientes na fila, enquanto dados da imprensa local apontam que esse número real pode chegar a 3,6 mil, ou seja, dez vezes mais.
A desigualdade na distribuição de mamografias e o tempo médio de espera entre as regiões do Brasil são motivo de preocupação para o CBR, que clama por intervenções eficazes e políticas públicas que garantam um acesso equitativo aos diagnósticos.
Um estudo recente do Instituto Nacional de Câncer (INCA) sobre o controle do câncer de mama no Brasil revela que os longos períodos entre a solicitação médica e a emissão dos laudos dificultam a adesão da população aos exames de rastreamento. Em 2023, apenas 48,8% das mamografias de rastreamento tiveram laudos liberados em até 30 dias após a solicitação, enquanto cerca de 36% dos laudos foram entregues após mais de 60 dias de espera. A agilização desses processos é vital para elevar a taxa de detecção precoce e, consequentemente, as taxas de cura do câncer de mama.