A educação midiática tem se revelado uma ferramenta valiosa na formação da cidadania entre jovens e adolescentes, promovendo hábitos de consumo consciente da informação. Com esse objetivo, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República realizou a 2ª Semana Brasileira de Educação Midiática, que iniciou na terça-feira (29) e se estende até o dia 1º de novembro. O evento tem como foco discutir e compartilhar experiências sobre a utilização crítica das mídias, capacitando estudantes e educadores para atuarem de maneira responsável diante das novas tecnologias.
Os webinários, parte da Estratégia Nacional das Escolas Conectadas (Enec), contam com a colaboração de instituições como a Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Durante a abertura, Adauto Soares, coordenador do setor de comunicação da Unesco no Brasil, ressaltou a importância do jornalismo para a democracia e a necessidade de estruturar currículos de formação jornalística que atendam a padrões internacionais. Ele afirmou que em países onde a democracia é ameaçada, a qualidade da formação em jornalismo tende a deteriorar-se.
Vivian Melcop, assessora da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), enfatizou o desafio de garantir que os alunos desenvolvam habilidades de interpretação de textos, destacando a importância da horizontalidade entre educação e comunicação. A educadora defendeu que a Inteligência Artificial deve ser utilizada para fins benéficos e que é essencial formar cidadãos críticos, capazes de discernir informações verdadeiras de falsas.
A inclusão de grupos etários diversos, como os idosos, foi abordada por Pilar Lacerda, conselheira do Conselho Nacional da Educação, que lembrou que todos devemos aprender a usufruir das tecnologias de forma consciente. Ela criticou a diminuição do papel da escola na formação crítica dos estudantes, mencionando que aqueles que propagam desinformação muitas vezes sugerem modelos de ensino que limitam a reflexão.
João Brant, secretário de Políticas Digitais da Secom, defendeu que a educação midiática pode mobilizar questões sociais profundas, promovendo um diálogo saudável na sociedade.
A prática de jornalismo dentro do ambiente escolar foi um dos temas centrais do webinário, destacando iniciativas como o Projeto Luz Negra, que utiliza o jornalismo para promover a educação antirracista nas escolas públicas da Paraíba. Gabryele Martins, uma das representantes do projeto, mencionou a relevância da linguagem visual como ferramenta para discussões culturais.
Iniciativas como Afonte, que promove conhecimento em dados e fact-checking no Rio Grande do Sul, e o curso online Vaza, Falsiane, que combate a desinformação nas redes sociais, também foram apresentadas. Ivan Paganotti, do curso Vaza, ressaltou a importância de capacitar os jovens para que se tornem consumidores e produtores conscientes de mídia.
Além disso, discussões sobre a questão ambiental foram amplamente abordadas. Evelin Morales, professora da Universidade Federal de Rondônia, defendeu que a cidadania exige práticas concretas, sugerindo que educadores estimulem as produções criativas dos alunos. Projetos acadêmicos, como o desenvolvimento de notícias falsas sobre vacinas para discussões em sala de aula, foram citados como ferramentas para conscientização e combate à desinformação na área de saúde.
Experiências voltadas à educomunicação para comunidades indígenas e pessoas surdas também foram destacadas, evidenciando a importância do acesso equitativo à informação e à educação. Projetos como o da Fundação Oswaldo Cruz, que busca amplificar as vozes das comunidades locais, foram mencionados como formas eficazes de enfrentar a desinformação no contexto de saúde.
Essas iniciativas demonstram que, com a educação midiática, os estudantes não apenas são incentivados a consumir informações de maneira crítica, mas também a se tornarem protagonistas na luta contra a desinformação, contribuindo para uma sociedade mais informada e participativa.