sábado, 21 de dezembro de 2024

Setembro Verde: veja como a doação de órgão pode mudar e salvar vidas

Visando a conscientizar e incentivar a população sobre a doação de órgãos, durante o mês de setembro será realizada nacionalmente a campanha, “Setembro Verde”. O objetivo é destacar que a informação sobre o ato de doar órgãos pode salvar vidas.

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Para uma doação de órgão se concretizar no país, é preciso que haja uma série de processos e protocolos de segurança, incluindo o diagnóstico de morte encefálica, a autorização familiar para doação, a avaliação dos órgãos de modo a afastar doenças infecciosas, além da realização de exames de compatibilidade com prováveis receptores.

Além disso, ainda é preciso que o paciente tenha morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral), confirmada. Com a confirmação do diagnóstico, a Central Estadual de Transplantes do Espírito Santo (CET-ES) é notificada e a família consultada.

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Nesta consulta, uma equipe de profissionais da saúde, realiza uma entrevista com a família para informar sobre o processo e solicitar o consentimento para a doação de órgãos.

Maria Machado, coordenadora da Central Estadual de Transplantes do Espírito Santo, destacou que, no Brasil, a retirada de órgãos só é efetuada mediante autorização familiar. Portanto, mesmo que alguém tenha expressado o desejo de ser doador em vida, a doação só ocorre se a família concordar.

“O papel desempenhado pela família nesse contexto é de extrema importância. Por essa razão, é essencial que a sociedade compreenda e compartilhe a relevância da doação de órgãos. Isso garantirá que, durante o momento delicado da entrevista, mesmo diante da dor da perda, a família possa dizer ‘sim’, dando a oportunidade da realização da doação, tirando pessoas das listas de transplantes e devolvendo a vida ou a qualidade de vida àqueles que esperam”, ressaltou Maria Machado.

Recusas para doação de órgão

Em 2022, foi registrado no Espírito Santo, o maior número de recusas familiares dos últimos cinco anos. Das entrevistas realizadas, 58% resultaram na não autorização para a doação. Em 2023, até agosto, esse dado é de 45% de recusas. Os dados são da CET-ES.

O “sim” para doação

O jovem Ivan Julio do Nascimento, de 23 anos teve sua vida transformada após receber um “sim”. Ele contraiu uma infecção no olho esquerdo que o levou a lista de transplante de córnea.

“Um dia, acordei com uma conjuntivite e, logo depois, tudo piorou, a ponto de eu não conseguir abrir o olho. Fiquei com muito medo de não enxergar. Então, quando me ligaram dizendo que tinha chegado uma córnea que era compatível, foi um dos melhores dias da minha vida”, disse.

Ao lembrar da família que disse “sim” para esta nova etapa de vida, ele não esconde a gratidão. “Fico me tremendo de emoção só de pensar nisso. Tenho que agradecer muito a essa família, a Deus e aos profissionais que cuidaram de mim, e por ter voltado a enxergar”, comentou.

A coordenadora do CET-ES, Maria Machado, ressalta que um único doador pode salvar ou melhorar a qualidade de vida de muitas outras pessoas. “Órgãos, como coração, pulmões, rins, fígado, pâncreas, além de ossos, vasos sanguíneos, pele, tendões, cartilagens e córneas podem ser doados. Anualmente, milhares de vidas são salvas por meio do ato de doação de órgão”, pontuou.

Setembro Verde

Criada por meio da Lei 15.463/2014, a campanha “Setembro Verde”, visa conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos, e tem o dia 27 de setembro como o Dia Nacional da Doação de Órgãos.

27 de setembro marca o Dia Nacional da Doação de Órgãos. Foto: Divulgação
27 de setembro marca o Dia Nacional da Doação de Órgãos. Foto: Divulgação

Dados no Espírito Santo

No Espírito Santo, são realizados transplantes de coração, fígado, rim, córnea/esclera, medula óssea autólogo e medula óssea aparentado e não aparentado.

Em 2022, foram realizados 437 transplantes. Já em 2023, até o dia 31 de agosto, foram 277. Quando não há compatibilidade com os pacientes listados no território capixaba, o órgão é ofertado a pacientes de outros estados.

Em relação à lista de espera, até o dia 31 de agosto, 2.102 pacientes estavam aguardando por um órgão no Estado, sendo 1106 para rim, 979 para córnea, 14 para fígado e 03 à espera de um coração.

O Estado conta ainda com seis equipes credenciadas no Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e habilitadas para transplantes de órgãos sólidos, cujos procedimentos são realizados nas seguintes unidades:

  • Hospital Meridional de Cariacica: coração, fígado e rins;
  • Hospital Evangélico de Vila Velha: coração, rim, fígado e córnea;
  • Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (HUCAM): córnea;
  • Hospital Santa Rita: transplante de medula autólogo e alogênico aparentado;
  • Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória: córnea;
  • Centro de Cirurgia Ocular do Espírito Santo (CECOES): córnea (procedimento por convênio particular);
  • Instituto de Olhos do Espírito Santo (IOES): córnea (procedimento por convênio particular);
  • Instituto Oftalmológico Santa Luzia: córnea (procedimento por convênio particular);
  • Hospital Mata da Praia: córnea (procedimento por convênio particular).

Embora haja unidades particulares, todo o processo de notificação, captação e doação de órgãos é feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

No Estado, há também os bancos de olhos que fazem a captação de córneas. Eles estão localizados no Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (HUCAM), que realiza a captação de córneas em Vitória; e no Hospital Evangélico de Vila Velha, que faz a captação de córneas nos demais municípios do Espírito Santo.

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Stefhani Paiva
Stefhani Paiva
Stefhani Paiva é comunicóloga, jornalista e atua como assessora de comunicação.

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