A possibilidade de o Brasil implementar a exigência de vistos recíprocos para turistas vindos dos Estados Unidos, Canadá e Austrália tem gerado discussões acaloradas e preocupações no setor de turismo. Com a decisão prevista para o dia 10 de abril, empresários e especialistas avaliam os potenciais impactos que a medida pode trazer para uma das indústrias mais importantes da economia nacional.
Joaquim Saraiva, líder executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-SP), destacou que, sem uma gestão eficiente desse processo, as consequências podem ser significativas. “Teremos um impacto, principalmente se não tivermos depois um bom trabalho dos consulados lá nos Estados Unidos, na Austrália, no Canadá”, afirmou Saraiva. Apenas em 2023, o Brasil recebeu cerca de 700 mil turistas dos Estados Unidos, reforçando a relevância desses mercados para o setor.
O executivo ressalta que o processo para obtenção do visto pode ser um entrave para muitos turistas. Entre as exigências, estão o agendamento e a apresentação de uma série de documentos, procedimentos que podem desestimular potenciais visitantes e, consequentemente, prejudicar o fluxo de turistas estrangeiros.
Uma das alternativas sugeridas para suavizar os possíveis impactos negativos é a adoção de um sistema de vistos eletrônicos, semelhante ao modelo que o Canadá vem estudando. Com esse sistema, seria possível solicitar o visto de forma prática, por meio de smartphones, além de oferecer taxas mais acessíveis. Joaquim Saraiva avaliou essa possibilidade como uma “ótima ideia”, desde que haja um equilíbrio entre a agilidade do processo e a segurança necessária.
Ele também enfatizou a importância de um olhar atento por parte do Ministério do Turismo no tratamento do tema, defendendo medidas que facilitem a entrada de turistas no Brasil, sem abrir mão de critérios fundamentais de segurança. “Nós precisamos que o Ministério do Turismo cuide muito bem desse assunto”, ressaltou.
A discussão acontece em meio a um cenário internacional marcado por tensões comerciais. Saraiva destacou que questões como o aumento das tarifas e taxas — iniciativas endossadas por líderes como o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump — podem afetar não apenas o turismo, mas também o comércio e o consumo de produtos brasileiros no exterior.
Com tantos desafios à mesa, o caminho para garantir que o Brasil continue a ser um destino atraente para turistas norte-americanos, canadenses e australianos demanda planejamento estratégico e decisões ágeis. Facilitadores tecnológicos, somados a uma gestão diplomática eficiente, podem ser a chave para equilibrar as relações internacionais e potencializar o turismo como vetor de crescimento econômico.