A utilização de inteligência artificial (IA) para criar conteúdos falsos tem despertado preocupações em diversos setores. Um caso notório é o de Tânia Carvalho, uma mulher que teve sua imagem usada em um vídeo enganoso para vender um “chá milagroso” visando tratar o lipedema. Embora o vídeo utilize sua aparência e até imite sua voz, a mensagem divulgada se distorce completamente do que ela realmente defende.
Vídeo falso e desinformação
No vídeo, a protagonista, supostamente Tânia, diz ter superado o lipedema em apenas sete dias com o consumo desse “chá especial”. A mensagem, evidentemente enganosa, considera promessas de resultados rápidos e fáceis que não têm base na realidade. Tânia, que vem documentando sua jornada de tratamento e conscientização sobre o lipedema, descartou a possibilidade de um chá ser a solução para a condição, que exige um tratamento mais complexo, incluindo intervenções cirúrgicas e mudanças de hábitos.
A ampliação do problema
Este episódio não é isolado. O uso de deepfakes, ou vídeos gerados pela IA que imitam pessoas reais, já afeta figuras públicas. Muitas celebridades e influenciadores têm enfrentado o mesmo problema, onde suas imagens são manipuladas para promover produtos duvidosos. No entanto, o caso de Tânia é preocupante pela falta de notoriedade dela, o que torna mais difícil para o público discernir a autenticidade.
Responsabilidade da plataforma
Até o momento em que essa informação foi publicada, o vídeo e as imagens ainda estavam disponíveis, apesar das denúncias de Tânia ao Instagram. A resposta da Meta, empresa responsável pela plataforma, ressaltou que atividades fraudulentas não são permitidas, mas não garantiu a remoção imediata do conteúdo ilegal.
Impacto emocional e jurídico
Tânia expressou sua preocupação com o uso indevido da imagem dela e o potencial que isso tem de enganar outras pessoas, especialmente as que buscam desesperadamente por soluções para suas condições de saúde. A advogada Andressa Bizutti destacou que a legislação brasileira protege a imagem e a voz das pessoas, mas o advento da mídia sintética exige uma reflexão mais profunda sobre como a sociedade e o sistema jurídico podem se adaptar a essas novas tecnologias.
Com o aumento dos casos de deepfakes e a proliferação de desinformação nas redes sociais, a necessidade de educação digital e um pensamento crítico se torna cada vez mais urgente. As plataformas devem aprimorar seus sistemas para proteger os usuários, e indivíduos precisam ser orientados sobre a veracidade dos conteúdos que consomem e compartilham.
A crescente discussão em torno do lipedema, que ganhou reconhecimento institucional, alia-se a uma necessidade de defesa contra fraudes e à promoção de tratamentos adequados e baseados em evidências.