Certo dia me deparei com a publicação da Kurumi Educa, sobre Etnônimos. A publicação começa com a frase “O nome que você me deu, não é o nome que eu tenho”. Explicando brevemente o que é “etnônimo”, é uma palavra que designa tribo, raça, nação, é relativo à pertencimento. Porém, para a nossa história e a de muitos povos ao redor do mundo, etnônimo tem uma forte relação com colonização.
Etnônimo pode ser um padrão para criar um diálogo, mas pode facilmente cair em estereótipos. No caso do Brasil, foram os português que “deram” nomes aos povos que viviam aqui, os “índios”. E muita gente não entendeu porque não chamamos mais de “índios”, e sim de povos indígenas ou originários. O termo índio acumula um punhado de estereótipos, todos de um ponto de vista colonizador europeu, que simplesmente ignora a diversidade de povos originários que habitavam e ainda habitam o Brasil.
Porque estamos no Abril Indígena, o Governo Federal até publicou um carrossel sobre ainda existir 305 povos indígenas no Brasil. O que quero chamar a atenção é para como a visão “colonizadora” ainda faz parte de como lidamos com os povos originários. A publicação do Governo Federal saiu pouco antes da repressão policial durante a marcha do ATL 2025 – Acampamento Terra Livre, repressão que atingiu a deputada Célia Xakriabá com gás de pimenta.

De que adianta termos 305 povos originários, 274 línguas indígenas no país, e esses povos serem atacados violentamente? O protesto era pacífico e o ATL acontece todos os anos no mês de Abril, então qual era a novidade que justificasse as ações de repressão? A resposta não é tão simples, mas que os povos originários são uma pedra no sapato daqueles que detém os meios de produção, não é novidade. Afinal, já são mais de 500 anos de resistência e luta contra a colonização. Se você quiser entender o que aconteceu em Brasília, indico a leitura da matéria do Brasil de Fato: Indígenas são reprimidos pela polícia durante marcha do Acampamento Terra Livre em Brasília.
Voltando para os etnônimos, que também são ferramentas de repressão, pois é estereotipando um povo que os poderosos justificam uma “bravata de modernização”. Na postagem da Kurumi Educa, os verdadeiros nomes dos povos originários são explicados, pelo menos alguns. Veja abaixo:
Quanto mais acompanho a luta dos povos originários, seja pela APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, por movimentos e coletivos indígenas, pela Kurumi Educa, ou por influenciadores indígenas, mais a injustiça é escancarada e mais me pergunto porque não aprendemos sobre os povos originários nas escolas. Por isso te convido a conhecer a Kurumi Educação, eles tem um site e materiais didáticos para educadores. Um dos materiais didáticos foi fonte da publicação que falei aqui, o material chama “Como abordar temas indígenas na escola: um guia teórico-prático de educação para relações étnico-raciais”.
Se não estamos no topo da pirâmide social-político-econômica, então estamos na base, no mesmo lugar que os povos originários, por que não se juntar a única luta que pode salvar o planeta da crise climática?! Somos todos trabalhadores, produzimos, e no caso dos povos originários, os únicos que sabem produzir sem esgotar a natureza. Infelizmente vivemos no capitalismo tardio, o foco é lucro, não vida. Mas felizmente temos a solução: os povos originários. Parece simples, só a nossa organização e união pode mudar os rumos do futuro. Você vai estar do lado de quem quando chegar a hora?