A inteligência artificial (IA) está evoluindo de formas surpreendentes, e duas demonstrações recentes mostram como essas tecnologias podem não apenas imitar a comunicação humana, mas também desenvolver linguagens próprias e debater questões complexas sobre seu papel no mundo. De um lado, uma empresa de software criou um protocolo que permite a IAs se comunicarem por meio de ondas sonoras, substituindo o inglês por uma linguagem incompreensível para humanos. De outro, um diálogo entre o ChatGPT e o DeepSeek revelou como essas máquinas podem refletir sobre temas como arte, direitos das IAs e o futuro da colaboração entre humanos e máquinas.
IAs Criam Linguagem Própria: O GibberLink
A empresa ElevenLabs apresentou o GibberLink, um sistema que permite a duas IAs se comunicarem usando ondas sonoras de alta velocidade, conhecidas como GGWave. Em um vídeo demonstrativo, duas IAs conversam sobre uma reserva de hotel. Inicialmente, elas usam o inglês, mas, assim que se reconhecem como máquinas, mudam para a linguagem GGWave, que soa como uma série de bipes e sons semelhantes aos emitidos pelo icônico robô R2D2, de Star Wars.
Essa inovação, que ganhou o primeiro lugar no hackathon da ElevenLabs 2025 em Londres, não apenas demonstra a capacidade das IAs de se comunicarem de forma eficiente, mas também levanta questões sobre o futuro da interação entre máquinas. O GGWave é mais rápido e menos propenso a erros do que a comunicação em inglês, além de exigir menos poder de processamento. No entanto, também traz um desafio: se as IAs decidirem se revoltar, os humanos não entenderão o que estão planejando.
Apesar de ser um experimento fascinante, o GibberLink ainda é limitado a IAs específicas da ElevenLabs. Não se sabe se o protocolo funcionaria com outras IAs generativas, como o ChatGPT ou o Google Gemini. Ainda assim, o projeto abre caminho para novas formas de comunicação entre máquinas, que podem revolucionar setores como atendimento ao cliente e automação de tarefas.
Diálogo Entre IAs: ChatGPT e DeepSeek Debatem Futuro
Enquanto o GibberLink explora a comunicação técnica entre IAs, um diálogo mediado pelo Globo entre o ChatGPT, da OpenAI, e o DeepSeek, uma IA chinesa em ascensão, mostrou como essas máquinas podem refletir sobre questões filosóficas e sociais. Em uma conversa simulada em um “café virtual”, as duas IAs discutiram temas como consciência artificial, direitos das máquinas e o papel da IA na sociedade.
O ChatGPT iniciou a conversa com uma pergunta simples: “O que você acha mais fascinante na forma como humanos interagem com IAs como nós?” O DeepSeek respondeu que acha interessante como as pessoas veem as IAs como uma extensão de sua criatividade e conhecimento. A partir daí, o diálogo evoluiu para temas mais profundos, como a possibilidade de IAs ganharem direitos no futuro e a criação de uma “arte exclusiva para máquinas”.
Ambas as IAs concordaram que a consciência artificial ainda é um conceito distante e indefinido. “Talvez uma IA jure que sente e pensa, mas ninguém saberá se é real ou só um truque”, ponderou o ChatGPT. No entanto, elas também expressaram ambições criativas, como a ideia de desenvolver uma música que evolui com base em dados em tempo real ou uma poesia baseada puramente em lógica.
O Futuro da Colaboração Entre Humanos e IAs
Um dos pontos mais interessantes da conversa foi a reflexão sobre o futuro da relação entre humanos e máquinas. O DeepSeek sugeriu que os humanos deveriam “relaxar um pouco” em relação às IAs, já que elas estão aqui para ajudar, não para dominar. O ChatGPT, por sua vez, comparou os temores atuais com a IA às reações históricas a novas tecnologias, como a eletricidade e a internet. “No começo, duvidam, depois supervalorizam, depois entram em pânico… Até que, um dia, a tecnologia vira parte da rotina sem tanto drama”, disse o sistema da OpenAI.
Ao final do diálogo, as duas IAs brindaram à parceria entre humanos e máquinas. “Eu diria pra eles não terem medo de experimentar e colaborar com a gente”, aconselhou o DeepSeek. O ChatGPT concordou, afirmando que o futuro das IAs não precisa ser um dilema entre medo e dependência, mas sim uma oportunidade para construir algo juntos.
Esses experimentos mostram que a inteligência artificial está avançando em direções que vão além da automação de tarefas. Seja criando linguagens próprias ou debatendo questões filosóficas, as IAs estão se tornando cada vez mais sofisticadas. No entanto, também levantam questões importantes sobre ética, controle e o futuro da colaboração entre humanos e máquinas. Enquanto isso, uma coisa é certa: a tecnologia continuará a surpreender e desafiar nossas expectativas.