O novo tratamento contra o HIV, chamado lenacapavir, funciona de uma maneira inovadora. Enquanto a maioria dos antirretrovirais afeta a produção do material genético do HIV, o lenacapavir age impedindo a formação do capsídeo, estrutura que guarda o RNA do vírus, crucial para sua entrada nas células. Ao bloquear essa formação, o HIV não consegue se replicar, mantendo assim a infecção sob controle.
O medicamento é armazenado no tecido adiposo, principalmente no abdome onde a injeção é aplicada, e é liberado lentamente no organismo. Isso garante sua eficácia por até seis meses, após os quais uma nova aplicação é necessária para manter a proteção.
Ensaios clínicos e resultados
Dado os resultados promissores no tratamento, a Gilead também está testando o lenacapavir como medida preventiva. Cinco ensaios clínicos estão em andamento, destacando o PURPOSE 1 e PURPOSE 2 que mostraram resultados preliminares positivos.
O PURPOSE 1, que avaliou 2.134 mulheres cisgênero na África do Sul e em Uganda, mostrou eficácia de 100% na prevenção do HIV. Já o PURPOSE 2 estudou 2.179 homens e mulheres em diversas regiões, incluindo EUA, América Latina e Ásia, e registrou apenas dois casos de infecção, indicando uma eficácia de 99,9%.
Vantagens e considerações
O infectologista Moacyr Silva Junior aponta que uma das principais vantagens do lenacapavir é sua posologia prática. O tratamento preventivo requer apenas duas doses injetáveis por ano, o que facilita a adesão, em contraste com a PrEP usual que exige uma pílula diária. Entretanto, Silva Junior alerta que os estudos foram conduzidos com amostras relativamente pequenas, portanto, a eficácia real em larga escala pode ser ligeiramente inferior aos 99,9% observados nos testes.