A droga donanemabe, comercializada como Kisunla, promete retardar a progressão da doença, mas gera controvérsias na comunidade médica.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o primeiro medicamento destinado ao tratamento de comprometimento cognitivo leve e demência associados ao Alzheimer em fase inicial. O fármaco, chamado Kisunla (donanemabe), desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, age como um anticorpo monoclonal que se liga à proteína beta-amiloide, responsável pela formação de placas no cérebro de pacientes com a doença.
Resultados promissores, mas eficácia ainda limitada
Um estudo internacional, realizado em oito países com 1.736 pacientes com Alzheimer, mostrou que o donanemabe reduziu significativamente a progressão clínica da doença em comparação com o placebo. Os participantes receberam inicialmente 700 mg do medicamento a cada quatro semanas, com aumento para 1.400 mg após a 76ª semana.
Apesar dos resultados animadores, especialistas destacam que o tratamento tem efeitos modestos e não reverte os danos já causados pela doença. Além disso, o medicamento é indicado apenas para pacientes em estágio inicial, quando os sintomas ainda são leves.
Como o remédio é administrado e quem não pode usar
O Kisunla é um medicamento injetável, aplicado uma vez por mês sob supervisão médica, e vem em ampolas de 20 ml. No entanto, há restrições:
– Não é recomendado para pacientes com o gene ApoE ε4, associado a maior risco de efeitos adversos graves.
– Contraindicação para quem usa anticoagulantes (como varfarina) ou tem diagnóstico de angiopatia amiloide cerebral.
Efeitos colaterais e controvérsias
Os efeitos mais comuns estão relacionados à infusão, incluindo febre, sintomas gripais e dores de cabeça. No entanto, a aprovação do donanemabe divide opiniões:
– Nos EUA, o medicamento foi liberado em julho de 2023, assim como o lecanemabe, outro anticorpo monoclonal.
– Na Europa, a Comissão Europeia aprovou o lecanemabe, mas a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) recomendou a rejeição do donanemabe, citando preocupações com sua relação risco-benefício.
No Brasil, a Anvisa afirmou que fará monitoramento rigoroso da segurança e eficácia do fármaco.
Entendendo o Alzheimer
Segundo o Ministério da Saúde, o Alzheimer é uma doença degenerativa e irreversível, com sobrevida média de 8 a 10 anos. Seu avanço ocorre em quatro estágios:
1. Estágio inicial: alterações de memória, personalidade e habilidades visuais.
2. Segunda fase: dificuldades na fala e em tarefas cotidianas.
3. Estágio grave: resistência a atividades diárias e perda de habilidades motoras.
4. Fase terminal: limitações severas e alto risco de complicações.
A aprovação do Kisunla representa um avanço no tratamento do Alzheimer, mas especialistas reforçam a necessidade de mais pesquisas e acompanhamento de longo prazo para avaliar seus reais benefícios.
Com informações da Anvisa e Ministério da Saúde.