O cantor Erasmo Carlos, mais conhecido como “Tremendão”, um dos principais nomes da música brasileira, morreu nesta terça-feira (22), aos 81 anos. A causa da morte não foi divulgada. Há um mês, no entanto, o artista chegou a ficar 15 dias internado por conta de uma síndrome edemigênica.
Erasmo recebeu alta no dia 2 de novembro, mas voltou a ser internado na segunda (21), quando foi entubado. O que é a síndrome edemigênica?
O médico Thiago Croce, nefrologista do Vitória Apart Hospital, explica que várias doenças podem levar a um quadro de síndrome edemigênica, principalmente em pacientes com algum problema no coração, rim, fígado ou tireoide.
“O edema é uma manifestação clínica. Quando a gente tem um paciente que cursa com edema, a gente tenta associar outros sintomas para poder formar uma síndrome, que é a síndrome edemigênica. A partir do momento que eu tenho um excesso de água ou um desequilíbrio na produção de albumina, que é o grande marcador, que mantém o nosso líquido dentro dos vasos, esse líquido passa a extravasar e acaba se acumulando no corpo, provocando um inchaço do órgão. A gente tem várias doenças que levam a isso: insuficiência cardíaca, doença renal crônica, cirrose hepática, falências vasculares e até algumas alergias”, afirma o médico.
No caso de Erasmo Carlos, a suspeita do nefrologista é de que o Tremendão tenha ficado com a função renal prejudicada, o que deve ter provocado um acúmulo de água no organismo.
“Quando a gente observa o edema, ele fica visível quando a gente tem o inchaço na pele, mas esse inchaço também acontece em órgãos. Por ter tido uma internação prévia, por ter ficado um longo período internado, pode ter ocorrido uma descompensação cardíaca. Pode ter piorado a função do rim e ele ter retido mais sal e líquido, e dependendo da gravidade dessa síndrome, pode ter evoluído para uma insuficiência cardíaca abrupta ou uma insuficiência respiratória abrupta”, conclui.
Covid-19
No ano passado, Erasmo ficou oito dias internado para tratamento contra a Covid-19. O médico diz que a síndrome edemigênica pode ter várias causas, e uma ligação com a Covid não pode ser descartada.
“O edema é um sinal, mas associado com outros fatores, outros sinais clínicos. O covid ainda é uma patologia muito nova, os estudos vão trazer muitos detalhes para gente no futuro. Mas pode ser um estopim para que haja uma piora, uma agudização tanto da função cardíaca, quanto função renal e isso a longo prazo pode deixar uma sequela. Os estudos já vêm demonstrando isso”, explica o médico.
“Um edema é um sinal clínico muito comum, pode ter várias causas prováveis e por isso precisa da investigação clínica, exame físico bem feito e exames complementares, que facilitam o fechamento do diagnóstico”, comenta.






