A Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) anunciou as obras que estarão entre as exigências do Vestibular Próprio 01/2025 e nas três etapas do Programa de Avaliação Seriada para o Acesso ao Ensino Superior (PAES). A seleção, organizada pela Coordenação Técnica de Processos Seletivos (Coteps), inclui trabalhos de literatura, música, teatro e artes visuais, buscando expandir o repertório dos estudantes e incentivar o diálogo entre diferentes linguagens artísticas. Entre os destaques estão a música “Zumbi”, de Ildeu Braúna e Pedro Boi, além das telas “As Lavadeiras” e “O Pilão”, do artista Gemma Fonseca.
As obras de Gemma Fonseca no PAES representam um reconhecimento não apenas artístico, mas também um resgate das tradições culturais do Norte de Minas. Originário da zona rural, Fonseca expressa em suas pinturas o dia a dia e as memórias do interior, com uma abordagem criativa e intuitiva que captura a essência de suas experiências de vida.
Expressão Artística e Vida Urbana
Durante sua estadia urbana, suas telas refletiram uma temática mais citadina, uma tentativa de adequar-se ao mercado de arte. Porém, ao retornar à zona rural, reencontrou sua verdadeira forma de expressão, retratando figuras em desaparecimento, como lavadeiras de rio e artesãos. “Nasci e me criei na roça, fui morar na cidade com pouco mais de vinte anos. Quando retornei ao campo, revisitando essas memórias dessas profissões, pintei essa série de quadros”, comenta.
Seu processo de criação é marcado pela espontaneidade, onde as pinturas se desenvolvem sem esboços rígidos, a partir de rabiscos que evoluem para figuras ou cenas rurais. “Se eu achar que falta alguma coisa para compor, para melhorar, para equilibrar, ali mesmo eu coloco outro elemento. É uma coisa que surge na hora”, explica ele. Os títulos surgem posteriormente, quase como uma reflexão do próprio artista diante da obra final.
Interpretação e Estilo Pessoal
Gemma entende que a interpretação das obras é pessoal e única para cada espectador. “A pessoa olha o quadro e diz: esse quadro é a minha cara. E leva. A interpretação é dela, não precisa coincidir com a minha. A pintura é isso.” Apesar de descrever seu estilo como instável, Fonseca mostra uma tendência ao expressionismo, preferindo gestos livres e emocionais em vez de técnicas excessivamente minuciosas.
Ele reflete sobre a função da pintura, que antes era documental, mas que hoje possui um caráter mais decorativo, mantendo, contudo, seu valor de registro histórico. Em suas obras, este registro aparece nas figuras de camponeses com viola, em cenas bucólicas e por vezes nostálgicas. “É mais interessante pintar um violeiro do que uma banda de rock. Talvez seja coisa do coração mesmo, da vivência, da infância”.
As produções selecionadas para o Vestibular e o PAES da Unimontes estão disponíveis no Instagram do artista, que se manifesta aberto ao diálogo com vestibulandos e estudantes interessados em discutir e se inspirar em suas obras.