No inverno rigoroso, quando as temperaturas caem drasticamente e as manhãs são envoltas em névoa gelada, a beleza das flores corre risco. Entretanto, para muitos floricultores de São Paulo, a solução está nas estufas. Essas estruturas, com tecnologia simples e eficiente, não só mantêm o colorido das flores durante o frio, mas também asseguram a estabilidade econômica de milhares de famílias.
São Paulo representa aproximadamente 40% do faturamento nacional da floricultura, gerando mais de 130 mil empregos diretos e movimentando cerca de R$ 8,4 bilhões anualmente, conforme dados do Cepea. Contudo, o efeito das baixas temperaturas, principalmente à noite, pode ser devastador para a floração contínua. “O frio retarda o crescimento das plantas, compromete a floração e afeta a estética das espécies ornamentais”, diz Bruno Rossafa, especialista Agro do Grupo Nortène e consultor em plasticultura.
Benefícios das Estufas
Por essa razão, as estufas se tornaram indispensáveis para os produtores paulistas. Elas criam um microclima controlado, mantendo temperaturas mais elevadas e estáveis mesmo em tempos de frio severo. Além de controlarem umidade e luz, tais estruturas também inibem a propagação de doenças comuns no inverno. “Com essa tecnologia, a produção é constante, de qualidade superior e com menos perdas. O agricultor conquista mais previsibilidade e rentabilidade, mesmo fora da temporada ideal”, afirma Rossafa.
Desafios sem a Estrutura
Apesar dos avanços em São Paulo, produtores de outras regiões ainda enfrentam dificuldades pela falta de estufas. Em Munhoz, Minas Gerais, o produtor Joel Pimentel sofreu um terço de perda em sua produção por causa das geadas. “Tivemos uma perda de 30%, totalizando cerca de R$ 30 mil. Esse impacto afeta nosso fornecimento para São Paulo, apesar da baixa demanda causada pelas férias e festas julinas”, lamenta.
Financiamento para Estruturas
Para enfrentar esses desafios climáticos, o governo de São Paulo, via Secretaria de Agricultura e Abastecimento, oferece linhas de financiamento específicas para ambientes protegidos. “A linha Agricultura Sustentável do Feap foi criada para atender essas necessidades, permitindo que pequenos e médios agricultores invistam em estufas e tecnologias climáticas”, explica Felipe Alves, secretário executivo do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista.
O programa permite crédito de até R$ 250 mil com juros anuais de 3%, prazos de até sete anos e carência de quatro anos, oferecendo uma solução para que o frio não interrompa a floricultura. “Esse financiamento não se limita à estrutura física da estufa. Ele simboliza a proteção da renda, da estabilidade familiar e do abastecimento, garantindo flores durante todo o ano com sustentabilidade e respeito ao trabalho no campo”, conclui Alves.