No Brasil, onde a recuperação de milhões de hectares de pastagens degradadas é um desafio, uma solução sustentável está em desenvolvimento. A Embrapa Agrobiologia, em colaboração com a Agrocete, está criando um bioinsumo inovador e natural, previsto para 2026, que pretende aumentar a produtividade das pastagens e diminuir a dependência de fertilizantes nitrogenados, que são grandes fontes de emissões de gases de efeito estufa.
O bioinsumo é um inoculante biológico composto por três estirpes de bactérias escolhidas para melhorar o solo, nutrir as plantas e ampliar a biomassa das forrageiras, mesmo em solos empobrecidos. Esta tecnologia aproveita as sinergias entre Bradyrhizobium, Azospirillum e Nitrospirillum.
Três bactérias, um único objetivo
As bactérias trabalham juntas para beneficiar tanto pastagens tradicionais quanto aquelas combinadas com leguminosas e gramíneas. Bradyrhizobium é conhecido por fixar nitrogênio biologicamente, especialmente em soja, enquanto Azospirillum promove o crescimento de gramíneas. Nitrospirillum ajuda na formação de raízes profundas e no uso eficiente do nitrogênio atmosférico.
Segundo Jerri Zilli, o bioinsumo é eficaz em recuperar áreas degradadas, reduzindo a necessidade de nitrogênio adicional e aumentando a eficiência econômica e ambiental.
Solução prática para pastagens degradadas
No Brasil, cerca de 159 milhões de hectares são cobertos por pastagens, muitos deles degradados. O uso intensivo de fertilizantes químicos tem prejudicado a produtividade e aumentado as emissões de gases de efeito estufa.
Este novo bioinsumo pode ser vital para pecuária regenerativa, ao possibilitar a redução das emissões de GEE em 20% a 30% e melhorar a fertilidade do solo. Além disso, promove a biodiversidade e o sequestro de carbono, removendo até 4,4 toneladas de CO₂ por hectare anualmente.
Facilidade de aplicação e ganhos para o produtor
Com a pesquisa avançando, o inoculante se mostra eficaz e fácil de usar. Andrea Giroldo destaca a versatilidade do produto, que é aplicável em diversos tipos de pastagens para reduzir custos sem comprometer a produtividade.
O produto atende tanto a grandes quanto pequenos pecuaristas, que frequentemente lidam com solos de baixa fertilidade e recursos limitados para adubação química.
Um futuro promissor
Com a expectativa de um lançamento comercial em 2026, essa tecnologia brasileira representa um passo significativo para a pecuária de baixo carbono. Bruno Alves observa que essa inovação está alinhada com a pecuária regenerativa, aumentando a produtividade com menor impacto ambiental.
O futuro das pastagens brasileiras parece promissor e mais verde, graças ao trabalho silencioso dos microrganismos sob a terra, promovendo novos ciclos de produtividade.