Os primeiros parágrafos da declaração do presidente Donald Trump, na quarta-feira (09), onde ele anunciou a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras para os Estados Unidos, trouxeram um forte tom político a um tema econômico. Trump, ao defender o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente sob julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, ofereceu a chance para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva responder, reforçando a defesa da soberania nacional com o apoio de seus seguidores. Resultado disso foram sinais de melhora na avaliação do governo Lula, conforme pesquisa Atlas/Bloomberg, que indica um avanço de 2,4 pontos percentuais na popularidade presidencial após o anúncio do tarifaço.
Os empresários do Espírito Santo, atentos às movimentações políticas, estão preocupados com uma possível batalha de narrativas. Para evitar que as negociações sejam prejudicadas, eles estabeleceram uma “terceira via” em suas estratégias. Segundo um executivo do setor, as negociações com clientes norte-americanos e entidades representativas são prioridades para garantir que os impactos das tarifas sejam amplamente compreendidos e discutidos junto ao governo dos Estados Unidos.
Exemplos ilustram a preocupação: mais de 16% da produção de café do Brasil, maior produtor mundial, destina-se ao mercado norte-americano. Assim, uma alta na tarifa pode elevar o preço do café nos Estados Unidos. As relações comerciais se estendem à National Coffee Association (NCA), que visitou o Espírito Santo recentemente e representa indústrias empregadoras de milhões nos EUA. Além disso, a ArcelorMittal Tubarão e suas exportações para o setor automotivo norte-americano, e a Suzano e o fornecimento de celulose para gigantes como Kimberly-Clark e Procter & Gamble, são pontos-chave nas negociações.
Os sinais dados pelo governo brasileiro, descartando retaliações aos Estados Unidos, foram bem recebidos pelos empresários, que defendem negociações calmas e evitando conflitos acirrados.