O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou a importância da diplomacia e do multilateralismo como soluções essenciais para enfrentar os desafios globais contemporâneos. Em um artigo recente, publicado em diferentes veículos internacionais, ele alertou sobre os perigos da “lei do mais forte” que ameaça o comércio multilateral.
Embora não tenha mencionado diretamente ações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou tarifas elevadas sobre produtos brasileiros, Lula destacou que essas políticas tarifárias podem resultar em uma “espiral de preços altos e estagnação” para a economia global.
A Organização Mundial do Comércio foi esvaziada, e ninguém se lembra da rodada de desenvolvimento de Doha, observou.
A Reorganização do Multilateralismo
O presidente reiterou que a reforma dos organismos multilaterais é crucial para resolver os conflitos existentes. Ele argumentou que a ineficácia das instituições internacionais se deve à sua estrutura, que não reflete mais a realidade atual. As medidas unilaterais têm se intensificado pela falta de liderança coletiva. A solução para a crise do multilateralismo reside em reconstruir essas instituições de forma justa e inclusiva.
O artigo foi disseminado em veículos como o inglês The Guardian, o argentino Clarín e o chinês China Daily.
Papel da ONU Conforme Lula
Lula mencionou que o ano de 2025 deve ser lembrado como um marco para as oito décadas de existência da Organização das Nações Unidas (ONU), mas alerta que pode também se tornar um símbolo do colapso da ordem internacional estabelecida desde 1945.
Ele enfatizou que o atual cenário global difere significativamente do que surgiu após a Segunda Guerra Mundial. Novas potências e forças econômicas surgiram, trazendo novos desafios. O presidente observou que as “rachaduras” que afetam a capacidade da ONU de mediar conflitos já eram visíveis antes.
Desde as invasões do Iraque e do Afeganistão até a intervenção na Líbia e a guerra na Ucrânia, a banalização do uso da força por membros permanentes do Conselho de Segurança é preocupante, ressaltou.
Lula ainda destacou que a crise financeira de 2008 expôs falhas na globalização neoliberal e que, em vez de buscar novas soluções, muitos países continuam presos a políticas de austeridade.
A escolha de socorrer os ultra-ricos às custas dos cidadãos aprofundou a desigualdade, disse Lula.
Desigualdade e Inclusão Global
O presidente mencionou que o estrangulamento das capacidades estatais tem gerado desconfiança nas instituições, criando um terreno fértil para narrativas extremistas que ameaçam a democracia. Ele sugeriu que, em vez de aumentar esforços para reduzir desigualdades, muitos países têm cortado programas de cooperação internacional.
Não se trata somente de caridade, mas de enfrentar disparidades profundas enraizadas em séculos de exploração, lembrou Lula, mencionando a imprevisibilidade de 700 milhões de pessoas que ainda enfrentam a fome.
A Crise Climática e Responsabilidades Globais
Lula argumentou que os países ricos precisam assumir mais responsabilidades em relação à crise climática, sendo os principais emissores de carbono. Ele destacou que 2024 foi o ano mais quente da história e que as promessas de financiamento ambiental raramente foram cumpridas.
Além disso, os ataques às instituições internacionais não consideram os benefícios que o sistema multilateral trouxe à saúde pública e aos direitos trabalhistas, ressaltou Lula.
Ele concluiu que, em tempos de crescente polarização, é impossível “desplanetar” nossa existência compartilhada, e reiterou que o Brasil sempre buscou fomentar a colaboração global, como mostrado por sua liderança no G20 e em outros fóruns.