A Polícia Federal (PF) recuperou do celular do padre José Eduardo de Oliveira e Silva, da Diocese de Osasco, na Grande São Paulo, uma mensagem denominada de “oração ao golpe”. O documento contém um apelo por apoio a autoridades militares, datado de 3 de novembro de 2022.
Conteúdo da Mensagem
No texto, o religioso solicita que “todos os brasileiros, católicos e evangélicos” inclua em suas orações o nome do Ministro da Defesa e de outros dezesseis generais de quatro estrelas. O objetivo, segundo a mensagem, é pedir que Deus lhes conceda coragem para “salvar o Brasil” e os estimule a agir com “consciência histórica”, longe da mera função de “funcionários públicos de farda”.
Recomendação de Confiança
O padre também instrui o destinatário, identificado como Frei Gilson, a repassar a mensagem apenas a “pessoas de estrita confiança”. O teor da mensagem foi considerado pela PF como evidência do envolvimento do religioso na promoção de uma ideia de golpe apoiado pelas Forças Armadas, contornando a posse do governo eleito na época.
Generais Citados na Mensagem
Os generais mencionados na comunicação incluem:
- Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ministro da Defesa
- Marco Antônio Freire Gomes, comandante do Exército
- Valério Stumpf Trindade, chefe do Estado-Maior do Exército
- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, chefe do Comando de Operações Terrestres
- Entre outros 12 generais de diversas áreas do Exército
Reunião no Palácio do Planalto
Investigações da PF já tinham identificado que o padre participou de uma reunião no Palácio do Planalto, em 19 de novembro de 2022, onde uma minuta golpista foi discutida. Essa reunião tinha como objetivo impedir a posse do então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
Assessoramento ao Núcleo Golpista
De acordo com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o padre José Eduardo estaria vinculado ao núcleo jurídico do grupo investigado, atuando na elaboração de minutas de decretos com fundamentos que servissem aos interesses golpistas.
Posição do Padre e da Diocese
Em resposta às alegações, o padre informou à PF que não forneceu as senhas de seu celular por motivos de sigilo sacerdotal, argumentando que o dispositivo continha informações confidenciais de seus fiéis. A Diocese de Osasco declarou que se posicionará ao lado da Justiça, colaborando com as investigações.
Nota da Defesa
A defesa do padre José Eduardo emitiu uma nota destacando que a investigação da PF violou o sigilo de comunicações e que ele nunca participou de atos que pudessem comprometer a ordem legal e constitucional do país. A nota reafirma que as visitas do padre a Brasília eram exclusivamente de caráter religioso desde 2013.