Um dos acontecimentos que tomou conta dos bastidores da política de Vitória nos últimos dias foi o rompimento entre o deputado estadual e ex-vereador da capital Denninho Silva (União) e o prefeito da cidade, Lorenzo Pazolini (Republicanos).
No entanto, o que se sucedeu a este fato chamou a atenção: 18 exonerações assinadas pelo chefe do Executivo municipal entre os dias 26 e 30 de outubro.
Em sessão da Câmara de Vitória, realizada na última segunda-feira (30), o vereador André Moreira (PSOL) destacou o fato e comentou que a dispensa desses comissionados põe em dúvida a qualidade e a utilidade dos serviços prestados por essas pessoas, além de, segundo o ele, mostra que o critério técnico de contratação passa longe da gestão Pazolini.
Os servidores estavam alocados nas secretarias de Cultura, Esporte e Lazer, Cidadania, Assistência Social, Educação, Meio Ambiente, Desenvolvimento, Gestão e Planejamento, Segurança Pública e Central de Serviços.
De acordo com o parlamentar, os comissionados eram todos indicados por Denninho, quando ainda estava no cargo de vereador, o que apontaria uma retaliação do prefeito.
“A exoneração de mais de 18 cargos comissionados, pretensamente indicados pelo ex-vereador e deputado Denninho Silva, ex-aliado de Pazolini, expõe uma faceta da gestão pública de qualidade duvidosa: aquela que estabelece relações políticas a partir da troca de favores. No caso, apoio político trocado por nomeações de cabos eleitorais. Tudo viabilizado com dinheiro público”, disparou o parlamentar.
Além das dúvidas levantadas quanto à utilidade dos servidores, André Moreira questiona se as exonerações causam prejuízo à administração pública.
“Tendo em vista que são pessoas que ocupavam cargos de assessores técnicos, gerência, encarregado, chefes de equipe, isso pode desmontar uma estrutura. O prefeito pode nomear e exonerar cargos comissionados, mas desde que isso não traga prejuízos à administração. Então, ficam os questionamentos: os cargos eram importantes para gestão ou estavam ali apenas para agraciar um aliado?”, argumentou o vereador.
O que diz a prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Vitória disse que reconhece “o incansável compromisso do Deputado Estadual Denninho Silva em defesa da população e seu notável histórico de trabalho visando à melhoria da qualidade de vida na capital”.
Disse ainda que as nomeações e exonerações são atos de discricionariedade (liberdade de ação administrativa, dentro dos limites permitidos em lei) da administração pública, sempre em consonância com as demandas relacionadas às atividades e funções necessárias.
A prefeitura afirmou que desde quando a atual gestão assumiu, várias medidas de reorganização e corte de gastos foram adotadas, como a extinção de um total de 99 cargos comissionados.
A medida, de acordo com a nota, gerou uma economia de R$ 4,2 milhões em três anos e vai ao encontro do trabalho de profissionalização, na redução de gastos e no aumento da eficiência e qualidade dos serviços públicos municipais.
Entenda o caso
Denninho Silva foi reeleito como vereador de Vitória, em 2020, apoiando o prefeito, Lorenzo Pazolini. Porém, os dois romperam na última semana, com o próprio deputado postando vídeo em suas redes sociais declarando o fim do apoio ao chefe do Executivo municipal.
Na sequência, aconteceram 18 exonerações na prefeitura da capital entre os dias 26 e 30 de outubro. Todos os servidores exonerados seriam indicações de Denninho.
Segundo o próprio Denninho, em uma publicação feita na última sexta-feira (27), Pazolini decidiu retirar, em cima da hora, o apoio financeiro que a Prefeitura de Vitória já teria se comprometido a dar para bancar a tradicional Festa das Crianças da região da Grande Goiabeiras. Vale ressaltar que a região é o reduto político do deputado estadual.
A exoneração em massa ganhou ares de retaliação do prefeito ao ex-aliado dentro do mercado político de Vitória.
No entanto, nessa terça-feira (31), Denninho fez uma nova publicação em suas redes sociais onde diz que se excedeu e pediu perdão aos seus seguidores e “a quem possa ter ofendido”, após dizer que o atual prefeito de Vitória era “a maior decepção da sua vida”. No novo comunicado, porém, o deputado não sustenta seu rompimento com Pazolini.
A reportagem entrou em contato com o deputado estadual Denninho Silva, mas ele não quis comentar o assunto.
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