A pressão dos Estados Unidos e a ameaça russa estão impulsionando aumentos nos gastos, mas a nova meta impõe custos fiscais e políticos significativos para a Europa. A Otan aprovou, em sua cúpula em Haia, a meta de destinar 5% do PIB para defesa até 2035. Este investimento será distribuído entre despesas diretas e áreas correlatas, elevando o padrão anterior de 2%, já difícil de cumprir.
Especialistas argumentam que a justificativa para o aumento é a intensificação de ameaças geopolíticas, o que pode afetar pilares do modelo europeu de bem-estar social. O economista André Mirsky ressalta que, com o contexto econômico europeu atual, será necessário redirecionar orçamentos para cumprir a nova meta.
Crescimento dos Gastos com Defesa
Em 2024, a Otan gastou aproximadamente US$ 1,5 trilhão, o que representava 2,7% do PIB. A meta de 5% a partir do cenário de 2024 é considerada desafiadora. Para alguns especialistas, alcançar tal objetivo pode levar a surtos inflacionários e instabilidade social.
Desafios Econômicos
Os Estados Unidos ainda são os principais financiadores, mas os esforços internos europeus são necessários. Alemanha, Itália, França e Grécia enfrentam dificuldades fiscais que limitam a capacidade expansiva. Mirsky alerta que o financiamento por dívida pode aumentar riscos econômicos e sociais.
Os desafios não são apenas fiscais. Atingir a meta significaria mais do que dobrar os gastos militares atuais, o que pode enfrentar problemas logísticos e ineficiências.
Impacto e Reação Política
Dentro da Otan, as reações variam; Espanha já se posicionou contra o aumento para 5%, enquanto países como Polônia e Estados Bálticos já superaram uma parte desta meta. Santoro destaca que muitos membros não cumprem nem a meta anterior de 2%.
Autonomia e Sustentabilidade
Dias destaca que investimentos vão além de armamentos, abrangendo áreas como logística e tecnologia. A aplicação gradual da meta pode fortalecer a autonomia e gerar empregos qualificados, mas riscos de deslocamento de recursos sociais e aumento da desigualdade continuam.
Futuro do Orçamento de Defesa
O maior desafio europeu é aumentar o orçamento de defesa sem prejudicar seu modelo social. A flexibilização do Pacto de Estabilidade e Crescimento da UE e o uso do BCE são considerados, mas podem conflitar com outras prioridades sociais.
Mirsky finaliza que a meta de 5% serve como sinalização política, não sendo um objetivo sustentável a longo prazo, exigindo profundas mudanças fiscais e políticas.