PARIS – A França, desapontada com o recente acordo comercial entre a União Europeia e os Estados Unidos, expressou a necessidade de uma postura mais firme da Europa nas negociações futuras. O primeiro-ministro francês, François Bayrou, declarou na rede social X que é um dia sombrio quando uma aliança de povos livres decide se submeter.
O acordo, divulgado por Donald Trump e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, institui uma tarifa de 15% sobre exportações europeias, excetuando-se determinados setores como aeronáutica e algumas matérias-primas. Acordou-se também que a UE comprará energia dos EUA no montante de US$ 750 bilhões e realizará investimentos adicionais de US$ 600 bilhões nos Estados Unidos.
Laurent Saint-Martin, ministro francês do Comércio Externo, comentou na rádio France Inter que o acordo não deve ser o final da história, pois isso significaria um enfraquecimento. Ele destacou a oportunidade de fortalecimento através de negociações técnicas.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, comentou que o bloco europeu deve analisar os detalhes do acordo, mas recebeu-o positivamente. Ela mencionou que uma escalada comercial entre Europa e Estados Unidos poderia ter consequências imprevisíveis e devastadoras.
Por outro lado, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, criticou o acordo entre a UE e os EUA, alegando que foi pior que o do Reino Unido em maio, mencionando em uma transmissão ao vivo que Trump praticamente engoliu Ursula von der Leyen no café da manhã.
Detalhes pendentes
Como em acordos anteriores anunciados por Trump, alguns detalhes ainda estão pendentes. Trump afirmou que a UE compraria US$ 750 bilhões em energia dos EUA e investiria US$ 600 bilhões a mais do que já investe, incluindo a compra de equipamentos militares.
Von der Leyen comentou que a tarifa de 15% seria abrangente e que o mercado europeu estaria basicamente aberto. No entanto, taxas zero foram acordadas para uma série de produtos estratégicos, como aeronaves e componentes, certos produtos químicos e semicondutores.
Ela também esclareceu que a aquisição adicional de energia dos EUA, de US$ 750 bilhões, se refere aos próximos três anos, diminuindo a dependência do gás natural da Rússia.
O acordo segue agora para avaliação pelos Estados membros da UE e seus legisladores, que decidirão sobre sua aprovação.
Os EUA e a UE estiveram próximos de um acordo, mas Trump ameaçou com uma tarifa de 30% se não houvesse consenso. Essa ameaça colocou pressão para um acordo antes do prazo final estabelecido para 1º de agosto.
Sem um acordo, a UE tinha planos de impor tarifas sobre produtos americanos como carne bovina, peças de automóveis e aviões da Boeing. As ameaças de tarifas dos EUA poderiam ter tornado produtos europeus como queijo francês e produtos eletrônicos alemães mais caros nos Estados Unidos.
Trump celebrou o acordo afirmando que é o maior já feito, evitando uma situação de escalada e incerteza econômica.








