João Lourenço, presidente da União Africana, destacou a importância de aumentar a produção de vacinas e medicamentos no continente, enfatizando que a cólera representa um grande desafio para o desenvolvimento econômico, social e humano em África. Durante um encontro que contou com a presença do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Ghebreyesus, Lourenço abordou a situação do surto de cólera que afeta vários países africanos, com especial ênfase em Angola, Sudão, Sudão do Sul e República Democrática do Congo.
Investimento em infraestrutura
Em sua fala, o presidente angolano defendeu que a cólera deve ser vista como uma oportunidade para resolver problemas estruturais por meio de soluções inovadoras. Ele ressaltou a importância de investir em infraestrutura adequada de água, saneamento e saúde pública, não apenas para salvar vidas, mas também para gerar benefícios econômicos e financeiros. Isso criaria bases mais sólidas para sociedades saudáveis, resilientes e prósperas.
Produção local de fármacos
Lourenço enfatizou que é essencial desenvolver a produção de medicamentos e vacinas no continente africano. Ele alertou que a dependência de importações limita a capacidade de resposta dos países africanos e compromete a soberania sanitária. Este ponto se torna ainda mais evidente dados os desafios enfrentados durante pandemias anteriores, como covid-19 e ébola.
Dados alarmantes
Recentemente, Angola enfrenta um novo surto de cólera, com mais de 24.500 casos e 718 óbitos registrados até início de junho, apresentando uma taxa de letalidade de 2,9%. Um relatório do CDC África revelou que mais de 90% das vacinas e medicamentos utilizados no continente são importados, uma situação que se mostrou desastrosa durante crises de saúde anteriores.
Dependência crítica
A dependência de produtos de saúde importados torna África vulnerável a tensões comerciais globais, perturbações geopolíticas e atrasos logísticos. Além disso, o relatório aponta um aumento no número de emergências de saúde pública no continente, passando de 152 em 2022 para 213 em 2024, evidenciando a urgência de fortalecer a capacidade de produção de saúde em África.