Desde a invasão russa à Ucrânia em fevereiro de 2022, muitos países, especialmente na Europa, intensificaram seus investimentos em defesa. Essa corrida armamentista ganhou força ainda mais após o retorno de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro deste ano. O presidente dos Estados Unidos defende que cada nação deve assumir a responsabilidade pela sua própria segurança e incentivou os aliados da Otan a aumentarem seus orçamentos militares. Como resultado, a União Europeia e países como Alemanha, Polônia e Reino Unido anunciaram novos planos de defesa. Entretanto, essas iniciativas parecem insuficientes para apaziguar o receio da população.
De acordo com uma pesquisa do instituto YouGov divulgada em maio, a preocupação com a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial está presente tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. Os europeus, no entanto, demonstram uma confiança significativamente menor se comparados aos americanos no que diz respeito à eficácia de suas forças armadas em um eventual conflito global.
Confiabilidade nas forças armadas
Entre os europeus, a pesquisa revelou que os franceses são os mais pessimistas: 55% dos respondentes acreditam que o início de uma nova guerra mundial é provável até 2035. Os espanhóis seguem com 50%, os italianos com 46%, e os alemães e britânicos com 41%. Além disso, a maioria acredita que armas nucleares seriam utilizadas, com estimativas que variam de 68% a 76%, e que o potencial de mortalidade seria maior do que nas guerras anteriores, com 57% a 73% expressando esse temor.
Os americanos, por outro lado, demonstram maior confiança nas capacidades de seu exército, com 71% afirmando ter fé na eficácia das forças armadas. Em contraste, apenas 16% dos alemães, 20% dos italianos, 32% dos espanhóis e 37% dos britânicos expressaram essa mesma confiança. Os franceses se destacaram levemente, com 44% acreditando na eficácia de suas forças.
Causas do conflito
A pesquisa também explorou as possíveis causas de um conflito global. As tensões entre Europa e Rússia foram apontadas por 69% dos americanos e até 85% dos britânicos. Já o terrorismo islâmico, que impulsionou a atual guerra no Oriente Médio, foi mencionado por 65% dos italianos e 78% dos alemães.
Reforço na defesa
Em resposta a esse clima de insegurança, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, mencionou recentemente a necessidade de um aumento significativo nos investimentos em defesa aérea e antimísseis, sugerindo uma elevação de 400% nos gastos. Durante um evento em um think tank britânico, Rutte enfatizou a importância de fortalecer a proteção do espaço aéreo europeu, destacando que a ameaça não desaparecerá com o fim do conflito na Ucrânia.
Na próxima semana, a Otan se reunirá em Haia, na Holanda, para discutir as diretrizes de defesa, onde o aumento universal dos gastos, conforme proposto por Trump, será um ponto central. A expectativa é que os governos respondam de maneira assertiva aos temores crescentes de suas populações.