O processo para eleição de um novo Papa teve início nesta quarta-feira, no Vaticano, com a celebração de uma missa solene, marcada por homenagens ao Papa Francisco, falecido em abril aos 88 anos. A expectativa é que, às 14h, os fiéis no mundo recebam o sinal da fumaça que indica o resultado da primeira votação, quando os 133 cardeais reunidos decidirão se já há consenso sobre o novo líder da Igreja Católica.
Rotina dos cardeais e a tradição de séculos
Durante o conclave, os cardeais votantes ficam hospedados na Casa de Santa Marta e se dirigem diariamente à Capela Sistina, local histórico das eleições papais desde o século XV, conhecido mundialmente pelas obras de Michelangelo. Apenas os cardeais com menos de 80 anos têm direito a voto e potencial para serem eleitos. Para que um nome seja escolhido, é necessário atingir pelo menos dois terços dos votos totais. Vale lembrar que, embora o voto pessoal seja proibido por tradição, qualquer cardeal é elegível.
A Sala das Lágrimas
Após a escolha do novo Papa, ele é conduzido à chamada “Sala das Lágrimas”, um pequeno espaço localizado dentro da Capela Sistina. Este momento, carregado de simbolismo e emoções, é acompanhado pelo camerlengo e pelo responsável pelas cerimônias litúrgicas. No local, o Pontífice recém-eleito veste a batina branca escolhida entre três tamanhos disponíveis – pequena, média ou grande –, ajustada cuidadosamente ao seu corpo. O nome do cômodo reflete o impacto emocional que muitos papas vivenciaram ao aceitar a responsabilidade de liderar a Igreja Católica.
Passo a passo do conclave
O conclave, que significa “com chave” em latim, é tradicionalmente realizado em um ambiente fechado para garantir a confidencialidade do processo. A partir do segundo dia, são realizadas até quatro votações diárias. Antes de cada voto, os cardeais fazem um juramento, comprometendo-se a eleger aquele que consideram mais digno. As cédulas são preenchidas com a frase “Eligo in Summum Pontificem” (“Elejo como Sumo Pontífice”), recolhidas em uma urna, contadas e depois queimadas. O resultado é divulgado por meio da famosa fumaça: branca indica que um Papa foi escolhido, enquanto preta aponta que nenhum nome atingiu os dois terços necessários.
Se após três dias não houver decisão, os votos são suspensos para um período de oração e reflexão, mas o processo não ultrapassa 12 dias, tempo máximo previsto para a escolha do novo líder da Igreja. Caso chegue ao limite sem solução, os dois cardeais mais votados participam de uma rodada final, o que ainda exige o mesmo quórum de aprovação.
Habemus Papam! A celebração de um novo pontificado
Quando um cardeal obtém o número necessário de votos, é abordado pelo decano do Colégio Cardinalício e responde às perguntas protocolares: “Aceita sua eleição canônica para Sumo Pontífice?” e “Como deseja ser chamado?”. Ao aceitar, torna-se o novo Papa e recebe o título de bispo de Roma. É então que cada cardeal presta sua homenagem de obediência e respeito ao novo chefe da Igreja.
Após se vestir na Sala das Lágrimas, o Papa é levado à Basílica de São Pedro, onde o anúncio oficial é feito pelo cardeal protodiácono com a frase que ecoa pelo mundo: “Habemus Papam!” – “Temos um Papa!”. O nome secular e o nome papal do novo líder são então revelados. Minutos depois, ele faz sua primeira aparição na sacada da basílica e concede a bênção apostólica aos milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro, dando início a um novo capítulo na história do pontificado.