Durante uma importante reunião em Tóquio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a oportunidade para convocar o Japão a intensificar seus investimentos no Brasil. Ele destacou que o Brasil representa um “porto seguro” em um cenário global repleto de incertezas, como o crescimento do negacionismo climático e o protecionismo comercial.
Lula enfatizou a necessidade de cooperação entre parceiros históricos para enfrentar as dificuldades da economia mundial. Durante o Fórum Empresarial Brasil-Japão, ele defendeu a assinatura de um acordo de parceria econômica entre Japão e Mercosul, argumentando que a colaboração é mais benéfica do que a adoção de práticas protecionistas.
A visita do presidente ao Japão, a primeira de um chefe de Estado brasileiro desde 2019, ocorre em um contexto de aumento das tarifas de importação, especialmente pelos Estados Unidos, uma medida que tem gerado preocupações sobre o protecionismo.
Oportunidades de Investimento e Parcerias
Em seu discurso, Lula ressaltou que o Brasil está vivendo um momento de estabilidade política, econômica e social, e expressou o desejo de transformar o Brasil em um polo de atração para investimentos japoneses, assim como foi em 1908, quando uma significativa onda migratória de japoneses ocorreu no país. Ele lamentou a queda do comércio bilateral, que passou de US$ 17 bilhões em 2011 para US$ 11 bilhões em 2024, e sublinhou a importância de fortalecer as relações entre as duas nações.
Lula também mencionou que a visita ao Japão poderia ser um marco para reiniciar a colaboração entre os dois países. Ele destacou a vontade de compartilhar oportunidades de negócios entre empresas brasileiras e japonesas, enfatizando que o Brasil deseja tanto vender quanto comprar, buscando alianças que fomentem o crescimento mútuo.
Além disso, durante a viagem, foi anunciada a celebração de um acordo entre a Embraer e a ANA, a maior companhia aérea japonesa, para a compra de 20 jatos E-190. A assinatura de dez acordos de cooperação entre Brasil e Japão, junto com outros 80 compromissos entre instituições diversas, também foram resultados significativos da visita.
O Papel do Japão na Integração Comercial
O Japão é considerado o segundo maior parceiro do Brasil na Ásia, apenas atrás da China, e ocupa a 11ª posição entre os parceiros comerciais do Brasil globalmente. Com uma considerável comunidade de brasileiros vivendo em seu território e um aumento de 23% nos investimentos japoneses no Brasil, totalizando US$ 35 bilhões em 2023, o Japão demonstra seu potencial como um aliado estratégico.
Reflexões sobre Desafios Globais
Em sua fala, Lula também abordou questões mais amplas, criticando a chamada “segunda Guerra Fria” e defendendo a importância do multilateralismo nas relações internacionais. Ele expressou sua preocupação com a ascensão de uma extrema-direita que nega a realidade das mudanças climáticas, ressaltando a necessidade de um diálogo coletivo para enfrentar desafios globais, como a crise climática.
O presidente apontou que a democracia enfrenta riscos em um cenário onde vozes negacionistas ganham espaço, com impactos diretos na política e na sociedade. Para finalizar, ele destacou a importância da COP30, que será realizada em Belém (PA), como uma plataforma crucial para debater esses temas.
Essas declarações reforçam a posição do Brasil como um país aberto a investimentos e colaborações, enquanto enfrenta desafios internos e globais, buscando um futuro mais cooperativo e sustentável.