Bashar al-Assad, ex-presidente da Síria, foi condecorado com o Grande Colar da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul por Luiz Inácio Lula da Silva durante uma visita oficial ao Brasil em junho de 2010. Esta honraria é a mais alta concedida pelo Brasil a líderes estrangeiros, tendo sido outorgada em um momento significativo nas relações internacionais.
A condecoração foi formalizada em um decreto publicado no Diário Oficial da União em 13 de julho de 2010. Além de Bashar al-Assad, outros líderes estrangeiros, como o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, também receberam essa distinção.
Vale ressaltar que a honraria gerou controvérsia no Brasil, especialmente após a ascensão da situação de direitos humanos na Síria. Em 2018, o deputado Sóstenes Cavalcante apresentou um projeto para revogar a condecoração, argumentando que seria inaceitável que um “tirano brutal e criminoso de guerra” recebesse tal reconhecimento do Brasil, um país que se orgulha dos seus princípios democráticos e de respeito aos direitos humanos. Contudo, o projeto não foi analisado em sua totalidade e ficou parado na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional.
Bashar al-Assad também recebeu a Legião de Honra da França, a condecoração máxima do país, em 2001. No entanto, em 2018, o então presidente francês Emmanuel Macron iniciou um processo para revogar essa honraria após a deterioração das relações entre os dois países. Assad, por sua vez, decidiu devolver a condecoração, afirmando que não usaria a distinção de um “país escravo” dos Estados Unidos.
A situação na Síria se agravou significativamente a partir de 2011, quando o país entrou em uma guerra civil que se intensificou periódicamente. Em dezembro de 2023, o grupo rebelde HTS assumiu o controle de Damasco, provocando a fuga de Assad para a Rússia, encerrando um regime que perdurou por mais de cinquenta anos. Essa reviravolta reafirma a fragilidade política do cenário sírio e as complexidades do suporte internacional a líderes controversos.
A condecoração de Lula a Assad permanece uma questão polarizadora na política brasileira, simbolizando os desafios das alianças diplomáticas e as implicações éticas que acompanham o reconhecimento internacional de líderes em contextos de violação de direitos humanos.