O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos traz incertezas para a política americana no sudeste asiático, uma região marcada pela disputa de influência com a China. A administração do republicano poderá reduzir a cooperação dos EUA com as nações asiáticas devido à sua política protecionista. No entanto, o sudeste asiático continua a ser uma área estratégica para Washington neste contexto.
Análise das políticas comerciais de Trump
Embora seja difícil prever a política exata que Trump aplicará na região, há lições a serem aprendidas com seu primeiro mandato. A saída dos Estados Unidos da Parceria Transpacífica em 2017 evidenciou uma resistência ao multilateralismo, e a ausência de Trump em cúpulas regionais deixou seus aliados incertos. Durante sua administração, ele também iniciou uma guerra comercial com a China, aumentando tarifas sobre produtos chineses e prometendo novas tarifas, as quais podem ser anunciadas logo no início de um novo governo.
Relações sobre a disputa entre EUA e China
Com a competição entre Washington e Pequim como pano de fundo, a forma como os EUA se relacionam com parceiros no sudeste asiático deve mudar. Os laços econômicos da China com esse grupo de nações podem levar Trump a exigir comprometimento de aliados como Japão e Coreia do Sul, especialmente nas áreas de comércio e segurança. Historicamente, as nações da região tentaram manter uma política de equilíbrio, buscando vantagens comerciais com as duas potências. Contudo, o ambiente de tensões geopolíticas pode complicar essa estratégia.
Reações e novas alianças
A necessidade de alternativas comerciais pode levar países do sudeste asiático a buscar parcerias com potências médias, como Índia e Japão, além de nações fora da região, como Austrália e União Europeia. A preocupação com a segurança também se intensifica, especialmente devido às agressões da China no Mar do Sul da China. Essa mudança vem sendo observada em países como a Indonésia, Malásia e Tailândia, que estão se voltando para parcerias com potências regionais, numa tentativa de evitar a escolha entre Pequim e Washington.
Efeitos das tarifas na economia local
As tarifas americanas, mesmo que aplicadas apenas à China, poderão impactar todo o sudeste asiático. Com exportações da ASEAN para a China alcançando em torno de US$ 70 bilhões em 2023, as restrições comerciais de Trump podem reduzir a demanda, afetando gravemente a economia local, que muitas vezes depende das reexportações para os EUA.
Continuidade na aliança com autocratas
No primeiro mandato, Trump cultivou boas relações com líderes autoritários na Ásia. A expectativa é que ele adote uma abordagem semelhante novamente, uma vez que a política de “aliança baseada em valores” pode ser minimizada em favor de relações mais transacionais, que visam prioritariamente os interesses nacionais dos EUA. Essa estratégia pode ser bem recebida por regimes autoritários na região, que somam a maioria dos estados do sudeste asiático e podem se beneficiar desse distanciamento de valores democráticos.
Com o novo governo Trump, as nações do sudeste asiático provavelmente encontrarão um panorama de maior tensão geopolítica, exigindo uma adaptação nas suas políticas exteriores visando equilibrar as influências de Washington e Pequim eficazmente.