Em um raro indicativo sobre as dificuldades que a Rússia enfrenta na guerra, o presidente Vladimir Putin afirmou nesta terça (20) que a situação nas quatro regiões da Ucrânia anexadas por seu país é “extremamente difícil” e demanda esforços extras dos militares.
Putin falava ao Serviço Federal de Segurança sobre as regiões de Donetsk e Lugansk, no leste russófono ucraniano, e Kherson e Zaporíjia, que a Rússia anexou em outubro, a despeito de críticas da comunidade global e da ilegalidade perante o direito internacional.
“É necessário suprimir de maneira rigorosa as ações de serviços estrangeiros, identificando rapidamente os traidores, espiões e sabotadores”, disse Putin. “As pessoas que moram nessas regiões, os cidadãos da Rússia, dependem da proteção de vocês.”
O líder russo anunciou a anexação dos quatro territórios em setembro, e autoridades designadas por Moscou organizaram referendos, com pouca ou nenhuma transparência, para concluir o processo. Tropas russas, no entanto, não controlam de maneira completa nenhuma dessas porções, ainda disputadas por forças de Kiev.
As declarações de Putin vêm um dia após o russo visitar Minsk, capital da ditadura aliada da Belarus, onde teve um encontro com o líder do regime, Aleksandr Lukachenko. Kiev afirma temer que as tratativas podem aumentar a participação belarussa na guerra.
Ainda nesta terça, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, visitou a cidade de Bakhmut, onde se concentram embates com tropas russas. O líder encontrou militares e distribuiu prêmios a alguns soldados. “Que com sua bravura vocês provem que vamos resistir e não desistiremos do que é nosso”, disse ele aos presentes.
Zelenski também voltou a pedir mais armas a países do Ocidente depois de uma segunda-feira marcada por novos ataques com drones à capital Kiev. Militares ucranianos dizem ter derrubado 30 de 35 drones kamikaze disparados pela Rússia.
Cinco pessoas teriam morrido nas regiões de Donetsk e Kherson e outras oito teriam ficado feridas, segundo relatórios de autoridades locais. Ataques com mísseis também teriam derrubado o fornecimento de energia elétrica em porções de Zaporíjia.