Recentemente, uma visita à mãe de 76 anos revelou algo preocupante. A mãe perguntou ao filho sobre o trabalho, esquecendo-se da consulta com a neurologista. Inicialmente, a família acreditava que os esquecimentos eram para chamar atenção ou parte do envelhecimento normal. No entanto, quando um incidente com uma panela quase causou um incêndio, foi necessário buscar ajuda médica.
Essa é uma história comum e, até décadas atrás, o entendimento sobre o que era considerado esquecimento normal era limitado. Termos como “demência senil” e “caduquice” eram utilizados, porém, hoje se sabe que qualquer esquecimento deve ser levado a sério, podendo indicar burnout ou declínio cognitivo.
A Organização Mundial da Saúde considera a demência uma prioridade de saúde pública. No Brasil, infelizmente, o subdiagnóstico é um problema, com uma estimativa de que 77% dos casos não são reconhecidos. Essa lacuna no diagnóstico afeta as famílias, que lidam com um impacto emocional significativo, e os pacientes, que enfrentam isolamento social. Além disso, a sobrecarga nos sistemas de saúde é grande.
Para enfrentar a crescente incidência de Alzheimer e outras demências, é fundamental reconhecer que o esquecimento vai além do envelhecimento típico. Familiares devem atentar para os sinais e buscar avaliação especializada. Profissionais de saúde têm a responsabilidade de identificar possíveis casos e iniciar um tratamento adequado. Políticos e a sociedade como um todo também têm papéis fundamentais.
No final, o conceito de que o esquecimento faz parte do envelhecimento pode ser uma armadilha. É crucial estar vigilante e oferecer apoio aos entes queridos através de informação e ajuda médica.