Em um dia comum, tudo pode parecer tranquilo. De repente, porém, pode surgir uma aceleração do coração, dificuldades para respirar, uma tontura inesperada, suor nas mãos e uma sensação avassaladora de que algo terrível acontecerá, mesmo sem uma ameaça real. Para aqueles que não conhecem, a crise de pânico pode parecer exagerada, mas para quem já a experimentou, é uma realidade intensa e paralisante.
Conforme explica a psiquiatra Giuliana Mello do Hospital Heidelberg, a crise de pânico é como um alerta do corpo, ativado sem um motivo racional aparente. “É uma reação intensa e inesperada, que, apesar de durar apenas alguns minutos, pode ter um impacto prolongado”, diz ela.
Sintomas Físicos da Crise de Pânico
Os sintomas físicos são bastante pronunciados: taquicardia, falta de ar, tremores, suor frio, sensação de desmaio ou sufocamento, dormência e náusea são comuns. Muitas pessoas sentem como se sua vida estivesse em risco, intensificando a angústia emocional, frequentemente invisível a outros.
Embora haja preconceitos que minimizam essa condição como “drama” ou “exagero”, a psiquiatra enfatiza que a crise de pânico é uma resposta biológica, necessitando ser tratada tão seriamente quanto qualquer sintoma físico severo.
Geralmente, as crises de pânico não surgem do nada. São frequentemente o clímax de um contínuo desgaste emocional, armazenado pelo corpo quando a mente tenta ignorar estresse, traumas, ou mudanças bruscas.
Segundo Giuliana, uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e ambientais sobrecarregam o sistema nervoso, ultrapassando limites sem que se perceba.
Como Oferecer Ajuda Durante as Crises
A crise de pânico, apesar de similar, não é idêntica à crise de ansiedade. Enquanto a ansiedade se intensifica gradualmente, a crise de pânico é súbita e muitas vezes ligada a uma ansiedade não tratada. Além disso, o medo de uma nova crise pode causar uma ansiedade antecipatória.
É importante não desconsiderar os sentimentos durante uma crise. Oferecer apoio, encorajar a respiração lenta e propor técnicas de grounding, envolvendo contato direto com o solo ou natureza, pode ser benéfico.
Práticas para Atravessar a Crise
Durante a crise, é crucial acolher os sentimentos sem tentar compreendê-los completamente naquele momento. Algumas práticas eficazes incluem:
1. Respiração lenta e profunda;
2. Lavar o rosto com água fria ou aplicar gelo nos pulsos;
3. Explorar objetos ao redor para sentir texturas ou cheiros;
4. Nomear cinco coisas visíveis, quatro que podem ser tocadas, três audíveis, duas com odor e uma degustável;
5. Ouvir música calma que evoque um local seguro.
Manter hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada, sono adequado e atividades relaxantes como yoga ou meditação, também ajuda no dia a dia. O mais importante, lembra a psiquiatra, é aceitar as emoções sem julgá-las. Durante uma crise, ao invés de buscar respostas, aceitar que esta crise, apesar de parecer eterna, eventualmente passará.








