No livro “Ainda Estou Aqui”, Marcelo Rubens Paiva revela a complexa relação entre sua mãe, Eunice Paiva, e o Alzheimer, uma condição que assola milhões de pessoas em todo o mundo. O autor compara o Alzheimer a uma visita indesejada, que, sem aviso prévio, adentra a vida das pessoas, trazendo confusão e desconforto.
Eunice enfrentou os primeiros sinais da doença de forma sutil, mas preocupante. Quando sua filha se deu conta da confusão da mãe com tarefas simples, como pagar contas, a situação começou a ganhar forma. Momentos marcantes, como quando Eunice ficou parada no corredor de seu prédio, ignorando o elevador, e outras situações em que realizou compras desnecessárias, são retratados com sensibilidade no livro.
A narrativa expõe a trajetória de duas batalhas que Eunice travou: contra a ditadura e contra o Alzheimer. A primeira delas, marcada pela tragédia da desaparição de seu marido, Rubens Paiva, levaria Eunice a uma luta incansável para criar seus cinco filhos sozinha. Essa experiência de perda e resiliência também se entrelaça com o desafio da demência, uma realidade que muitas pessoas ainda enfrentam sem o devido apoio e entendimento.
A condição de Alzheimer, que Marcelo não consegue precisar quando começou, é abordada no livro com ênfase em suas nuances. A geriatra Celene Pinheiro, presidente da Associação Brasileira de Alzheimer, lista vários fatores de risco, destacando que a prevenção é uma prioridade. O autor, que menciona a palavra Alzheimer diversas vezes ao longo do texto, faz uma crítica ao uso da expressão “mal de Alzheimer”, chamando atenção para a importância de entender e nomear a doença corretamente.
O Alzheimer é uma condição neurológica que afeta gravemente a memória e outras funções cognitivas, como a linguagem e o raciocínio. Globalmente, a estimativa é de que 55 milhões de pessoas vivam com Alzheimer, uma cifra que pode aumentar significativamente nas próximas décadas, afetando principalmente mulheres.
Os sintomas incluem esquecimentos frequentes, repetição de perguntas e dificuldades em realizar tarefas cotidianas. Embora atualmente não exista cura, o tratamento e a prevenção são cruciais. Medidas proativas, como a prática de atividades físicas e o estímulo à vida social, podem ajudar a manter a saúde mental e retardar a progressão da doença.
No lançamento de “Ainda Estou Aqui”, realizado em 2015, Eunice estava viva e recebia os louros de sua força e integridade. Sua história perdura como um testemunho da luta contra o Alzheimer, enfatizando a importância de não se deixar vencer pelas circunstâncias. Eunice Paiva faleceu em 2018, mas seu legado de coragem e resiliência continua a inspirar muitos.