O jejum do mês do Ramadan é uma prática crucial para os muçulmanos, que envolve muito mais do que a simples abstenção de alimentos e líquidos. Este período, que ocorre anualmente, é um exercício de disciplina, paciência e reflexão espiritual. Durante o Ramadan, os adeptos do Islam buscam fortalecer sua fé, controlar emoções e pensamentos, além de cultivar empatia com aqueles que passam necessidade. Assim, o jejum promove um estado de equilíbrio entre corpo e espírito.
A importância e a prática do jejum
O jejum, conhecido como ṣawm, é um dos cinco pilares do Islam e abrange 29 ou 30 dias, de acordo com o calendário lunar. Neste mês, que em 2025 começou no dia 1º de março, os muçulmanos se abstêm de comer, beber, fumar e ter relações sexuais desde antes do amanhecer até o pôr do sol, ou maghrib. O Profeta Muhammad orientou que essa prática deve incluir a abstenção de conversas indecentes e provocações: “Quando um de vocês estiver jejuando, deve se abster de atos indecentes…”.
Aspectos psicológicos do jejum
A psicologia islâmica vê o jejum como um meio eficaz de purificação interna e autocontrole, com impactos profundos na psique humana e na saúde emocional. Influenciada por textos sagrados e estudos de pensadores islâmicos, essa abordagem destaca a importância do equilíbrio entre corpo, mente e alma (nafs). O mês do Ramadan é considerado uma “escola” onde se aprende sobre resiliência, autoconhecimento e paz interior, contribuindo para o bem-estar emocional e mental.
Além disso, o jejum ensina resistência frente aos desejos, favorecendo a adoção de hábitos saudáveis e ajudando na redução da impulsividade. As práticas de oração, recitação do Alcorão e reflexão espiritual durante o Ramadan elevam os níveis de dopamina e serotonina, promovendo sentimentos de bem-estar e felicidade. Contudo, aqueles com problemas de saúde têm permissões especiais em relação ao jejum, sendo incentivados a auxiliar os necessitados em vez de jejuar.
Solidariedade e empatia durante o Ramadan
O jejum não só fortalece a identidade islâmica, mas também estimula a solidariedade e o bem-estar social. Os muçulmanos desenvolvem empatia pelos menos favorecidos, permitindo que vivenciem a fome e a sede, experiências comuns para muitos. Essa vivência leva a um maior comprometimento com a caridade, que é fundamental durante o Ramadan. Além disso, a prática do jejum altera padrões de sono e alimentação, impactando o humor e a cognição. No início do mês, é comum que algumas pessoas enfrentem fadiga, mas muitas relatam uma adaptação que resulta em clareza mental e tranquilidade.
No Brasil, onde a comunidade muçulmana é menor, os desafios podem ser maiores. Muitos não têm acesso a mesquitas ou ambientes familiares islâmicos. No entanto, tecnologias contemporâneas têm contribuído para que esses muçulmanos se mantenham conectados com suas práticas religiosas.
O jejum no Islam é uma prática que transcende o aspecto físico, promovendo transformação psicológica e espiritual. Ele fortalece a autodisciplina, aprofunda a identidade religiosa e incentiva a empatia social, tornando-se um poderoso instrumento de crescimento pessoal e espiritual. Para quem deseja aprofundar-se no tema, recomenda-se a leitura de trabalhos sobre psicologia islâmica e práticas culturais do Ramadan.