A Serra tem enfrentado uma trajetória de prosperidade orçamentária nos últimos dez anos, período em que a arrecadação da Prefeitura cresceu de forma contínua. No entanto, essa estabilidade está ameaçada pelas recentes políticas tarifárias implementadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que introduziu uma taxação de 50% sobre as exportações brasileiras. Essa medida impacta diretamente a economia local e, consequentemente, a arrecadação municipal.
Preocupação com a arrecadação municipal
Henrique Valentim, secretário da Fazenda da Prefeitura da Serra, expressou preocupação com a taxa, que ainda não entra em vigor. “Embora ainda não tenhamos reflexos práticos no orçamento, já estamos percebendo que setores, como o de rochas, estão sofrendo com suspensões de embarques”, destacou. De acordo com o Centrorocha, cerca de 60% das exportações de rochas naturais brasileiras para os EUA foram interrompidas desde o anúncio das tarifas, afetando gravemente a Serra, o maior exportador do país nesse setor.
Valentim classificou o cenário como de cautela total, prevendo que, “no mínimo”, a arrecadação municipal perderá dinamismo. As incertezas econômicas globais já estão inibindo o consumo e os investimentos, o que pode impactar o orçamento da Prefeitura e a movimentação financeira na cidade.
Desafios de um crescimento populacional
Nos últimos 10 anos, a Serra vivenciou um crescimento orçamentário expressivo, alcançando um aumento de 216,72% desde 2015, com um orçamento histórico de R$ 3,07 bilhões em 2024. Essa expansão possibilitou importantes investimentos em infraestrutura, consolidando a cidade como uma das mais promissoras do Espírito Santo. Contudo, a estagnação da arrecadação representa uma ameaça real aos avanços alcançados.
Além disso, a Serra teve um crescimento populacional registrado entre os Censos de 2010 e 2022, com um aumento de 24,8%, passando de 417.330 para 520.649 habitantes. Essa constante migração exige que a Prefeitura amplie sua infraestrutura para atender à crescente demanda por serviços públicos. Com a possível estagnação orçamentária, o município pode enfrentar dificuldades para suprir as necessidades da população, comprometendo não apenas a qualidade dos serviços, mas também a capacidade de realizar investimentos.
Impactos no setor de aço e rochas
A Serra é a cidade capixaba mais afetada pelas tarifas, com 74,6% de suas exportações destinadas aos Estados Unidos. Essa vulnerabilidade é evidente nos setores de siderurgia e rochas ornamentais. A redução na produção, que pode ocorrer, afetará diretamente a arrecadação por meio do Imposto Sobre Serviços (ISS), crucial para o orçamento municipal.
Além disso, a desaceleração da economia local pode impactar negativamente o Valor Adicionado Fiscal (VAF), que compõe a cota-parte do ICMS, a maior fonte de receita da Prefeitura. Em 2024, a Serra arrecadou R$ 409 milhões em ISS e recebeu R$ 609 milhões em repasses de ICMS, totalizando mais de R$ 1 bilhão, cerca de um terço da arrecadação municipal, exposto aos efeitos das tarifas americanas.
O futuro permanece incerto, e a administração municipal deve se preparar para mitigar os impactos dessa nova realidade econômica, assegurando que a Serra continue a avançar em sua trajetória de desenvolvimento e atendimento à população.






